De:

Maíra Mendes

Mãe, uma coisa que aprendi desde de pequena com você foi que dividir é multiplicar. Sim! Contrariando toda a lógica matemática, desde cedo precisei entender que nasci de um ventre genial, generoso e influenciador de ideias e corações. Você, mãe, é patrimônio de todo o mundo!

Se Dodô e Osmar criaram o trio elétrico, que arrasta multidões, você reinventou a educação. Várias vezes! Você arrasta uma legião de fãs, admiradores e filhos. E não é uma princesa meiga não!

Diferente de todos os estereótipos, você é um fenômeno da natureza! Um vulcão eternamente em erupção! Um vulcão de ideias, ideais, coragem, broncas e amor. Ahhhhh, o amor… você é tão amada. Você me orgulha pela força, pela coragem e pela capacidade de voar…mesmo sem asas. Aliás, onde você esconde estas asas? Com você me sinto segura e extremamente amada! Você ama suas filhas com toda a potência que eu já fui capaz de ver. Você tem olhos da alma.

E não dê um microfone na mão desta mulher! Ela é capaz de lhe convencer de que só é impossível se você não foi lá e não fez.

Você é mágica, bruxa e de uma humanidade que nunca vi. Você é puro perdão. Estamos vivendo desafios inimagináveis e dores profundas, mas aprendi com você a ter esperança a acreditar no papel e na responsabilidade que temos com a vida. A nossa felicidade é levada a sério.

Aproveito este Dia do Professor pra agradecer a todos os professores que passaram na minha vida e que me afetaram muito. Professor é afeto. Agradeço também a onda de luz e de amor que estamos recebendo pela sua contribuição na construção de várias vidas. Você merece demais. Você é foda! É uma mãe e uma professora incrível. Eu te amo demais. Magali Lord: vamos pra luta! Pois, como você mesmo diz: quem tem medo de cagar não come! Sigo aqui, na mais genuína e milagrosa esperança e crendo no Universo, em Deus e na Ciência.

Vem, Maga!

De:

Marlene Barreto

Ano passado eu liguei para Magali e disse que a minha filha caçula estaria fazendo vestibular em São Paulo e somente ela poderia dar dicas preciosas sobre Português e Redação. Ela, sempre generosa, enviou vários áudios incríveis para Andressa. 

Isso significa que os seus ditos continuaram a reverberar em mim, 36 anos depois que tive o privilégio de ser sua aluna e sua amiga. Também tive a oportunidade de estar em Vitória da Conquista, na sua casa, proseando, dando muitas risadas e, ao me despedir, assim como faço hoje, disse a ela o quanto estava transbordando de amor

De:

Aline

Tive o privilégio de conviver com Magali dentro e fora das salas de aulas. Em ambos os lugares sempre aprendi com ela. Ela, inclusive, conheceu meu marido antes de minha mãe.

Essa semana, ouvindo o novo disco de Caetano, imaginei que ela iria gostar muito.

As broncas dela vinham acompanhadas de um afago, essa era Magali. Deixou marcas muito significativas em seus alunos, ela foi professora de todos aqui em casa e também de meus primos. Em cada um ela deixou uma marca diferente, mas igualmente significativa.

Maíra, Nara e Bruna, a mãe de vocês foi muito importante para quem por ela passou.

Beijos nos corações de vocês.

De:

Ana Rosa

Ontem minha Tia Magali partiu… foram cinco semanas de meditação, mentalização de cura, emanação de amor diário, trocas intensas com minhas primas-irmãs-caldos de cana Maíra+Nara+Bruna, e um resgate profundo da nossa trajetória.
Trajetória essa que, assim como esses últimos 35 dias, presenteou-nos com os mais diversos sentimentos… e afetou, indiscriminadamente, a quem passou pela montanha russa Magali Lord.
Magali Lord abrigou no seu corpo um olhar de despir qualquer um, uma oratória imponente, que era difícil discordar, e uma coragem que convidava qualquer um a desejar segui-la.
Segui-la foi também uma escolha minha…capricorniana, amante da educação e fiel aos seus princípios, são traços que nos unem. Ela foi/é/será, sem dúvida, um dos mais fortes espelhos pra mim.
A mim, com sua retórica poética, ensinou, antes mesmo de Nietzsche e ou Rolando Toro, o conceito de amor fati e a beleza do contraditório. Incitou muitas certezas e questionamentos. Teve o poder de, no mesmo fio, despertar momentos de prantos e risos.
E, extraordinariamente, ela passou assim pela vida, estimulou que a sua despedida tivesse muito mais cara de festa do que velório… pois a “felicidade a sério” sempre foi a sua ordem. Ordem foi algo que nunca a intimidou. Ela sabia muito bem como desordenar e ordenar num ciclo sem fim… e, com maestria, poesia ia promovendo, o que no fundo todos nós queríamos, o movimento.
Muitos movimentos ela me inspirou… Uma vez ela me contou que no meu primeiro ano no CSP, aos seis aninhos, naquele lugar no mínimo exótico pra mim, ela estava andando pelos corredores da escola e foi surpreendida por um abraço pelas pernas e, quando olhou pra baixo, era eu, imensamente feliz por tê-la encontrado…
Ter te encontrado, Maga, é/foi/será, sem dúvida, um dos mais fortes motivos do meu movimento, que seguirá com o AMOR como principal ingrediente, assim como você colocou no seu caminho e nos deixou de legado. Obrigada por tudo! Te amo! ♥️

De:

Zilton Rocha

Ainda tive tempo de abraçar Maíra e Narinha na recepção do hospital, ontem, poucas horas antes de Maga se encantar! Bruninha não estava no momento. Me emocionei muito, mas saí aliviado. Elas estavam muito tranquilas e convencidas de que o melhor para sua mãe era partir. Insistir para que permanecesse mais alguns dias naquela situação em que se encontrava seria puro egoísmo. 

A última vez em que nos encontramos foi no Colégio Oficina, em 2019. Me levou nas duas turmas de 3° ano para bater um papo com as meninas e meninos que deixariam o ensino médio no final do ano. Lembrou para as turmas momentos que vivemos juntos nos anos 80 e 90, no SINPRO e nas Campanhas Eleitorais.

Sempre atenta a não perder uma chance de colocar as/os jovens para refletir. Era como Guimarães Rosa, que dizia: “A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas, sim, na travessia”. Assim era Magali!

Inspirava-se na sua profª Maria Helena, do Rio de Janeiro, que veio a dois Congressos do SINPRO, e que, segundo ela, dizia para os estudantes: “Não vou me abaixar para pegar nas mãos de vocês. Cabe a vocês alcançarem as minhas cá no alto!”.

Quem foi aluna/o, ou teve o privilégio de conviver com essa guerreira indômita, sabe o quão ela era inteira em tudo que fazia.

Quando necessário, para defender seus pontos de vista, chegava a ser ferina, dura, de tão contumaz. Logo em seguida, se tornava a criatura mais doce e meiga. 

Vivemos muitos momentos tensos e alegres quando estivemos, ela, eu e toda a Diretoria do SINPRO-BA e toda nossa categoria. Nossos almoços ou jantares após as assembleias ou negociações eram muito divertidos. Procurávamos esquecer, por alguns instantes, todas as tensões. Começávamos sempre com Vilminha dizendo: “Pra não ter confusão, vamos tomar só meia hora de cerveja e o resto todo de saideiras”. 

Nunca vi alguém ter tanta capacidade de separar uma “briga”, num debate, da relação de amizade afetuosa que nutria pelas pessoas que amava ou com quem convivia. 

Pois é, Maga, agora você virou estrela. Claro que estamos abalados, tristes e reflexivos. Um filme de momentos vividos com você passa na cabeça de todo mundo, como passou pela minha agora.

Saiba que muita gente carrega reflexões e formas de ver a vida e o mundo graças a você. Saiba, também, que vamos continuar nos lembrando de você e do poeta quando, denunciando a estupidez, a mediocridade e o extermínio das “gentes” invisibilizadas, disse durante a ditadura (e que vale agora contra o genocídio e o fascismo que nos atormenta):  “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar POESIA”.

Você deixou um rastro de luz e, portanto, Maga você estará sempre PRESENTE!

De:

Juliba

Oi, Maga. Aqui é Juliba. Não só Juliba, mas também falo em nome de Ana Paula e Helena. É difícil pensar, escolher as palavras certas pra te dizer num momento como este. Eu só queria que você soubesse, mais uma vez, o quanto nós somos profundamente agradecidos a você, por tudo que fez. Não somente eu e minha família, mas muitas pessoas têm muito o que te agradecer. Sua trajetória é fantástica, inegável e extremamente apreciável. A gente fica com o coração apertado, sentindo muito sua falta, mas o que realmente desejamos, agora, é que você, como sempre quisemos, esteja bem. Que esteja segura. A gente vai ficar aqui, a gente se ama, a gente se cuida uns aos outros, estamos unidos ainda mais neste momento difícil. Eu quero que você fique tranquila quanto a nós que vamos ficar aqui. Vá descansada. Se for pra você ir, que faça uma passagem maravilhosa e tranquila. Se for de voltar, por favor volte pra gente. Porque a gente te ama muito, a gente quer muito curtir ainda sua presença, conversar com você, aproveitar da sua inteligência e de tanta coisa que você tem pra oferecer pra gente. Mas, se for pra você ir, quero que saiba que te amamos muito. Vamos ficar bem. Vamos chorar sim, vamos sentir muito a sua falta, mas vamos ficar bem. Porque a gente aprendeu com você, nessa família sua que você construiu com essas filhas lindas, “a felicidade é levada a sério”. Eu sou um filho seu, um chegado da sua família, um aluno seu e tantos outros adjetivos pra descrever o quanto me sinto próximo de você e de sua família. Obrigado por tudo, por esta vida maravilhosa, por esta passagem linda. Você é uma mulher de uma obra pronta, acabada. Não se preocupe, seu legado é imenso e só temos que aplaudir a sua passagem aqui. Estamos do outro lado do Oceano Atlântico, fisicamente longe, mas temos mentalizado e pensado muito em você. Vá em paz, vá tranquila.

De:

Gláucia Portela

Coordenadora do Colégio Oficina-VCA

Querida Maga,

Talvez a gente não seja mesmo capaz de compreender as grandezas, quando estamos diante delas. São tantas as disputas e as labutas que a gente esquece de fazer as pausas de contemplação. Pensei nisso quando li as homenagens à sua memória, nos primeiros instantes de sua anunciada partida. Curioso é que você não fazia esforço para agradar, justamente pelo propósito que deu ao seu viver, pelas causas importantes que te interessaram, pela preocupação em formar uma categoria de professores que tivesse coragem para ensinar e uma juventude que se fizesse sinônimo de transformação. Por levar a felicidade a sério, você sabia que a distração seria perigosa, que o mundo engana com recados atraentes, que pessoas contêm humanidade, então você prometeu ser estrada e agora vemos o tamanho do território que ajudou a configurar. Não estou certa se você sabia medir o tamanho de sua importância e o tanto de amor que era capaz de reunir…

Estou imaginando, há dias, se você encontrará meu pai por aí. Pensei nele te recebendo com um sorriso e com a gratidão que só mesmo os pais podem ter. No meu transe, ele te convidará para uma conversa e você, desconfiada ainda, aceitará. Em duas horas, serão amigos na eternidade. Então Gilberto Braga se aproxima e, feliz, constata que poderá escrever a próxima novela contigo. Quem te espia de longe? Todos os que tiveram vez através da tua voz de professora potente, mulher destemida, cidadã de esperanças concretas. É isso, Maga, o céu, em festa, veste tuas cores para que você se sinta em casa e constata, em euforia, que “Alexandria” vive!

Daqui, sigo lembrando de como nosso encontro nessa vida me enriqueceu. Foi um amor construído com as durezas do viver. Não é fácil e nem leve fazer o que fizemos juntas, mas estou certa de que nossa parceria ajudou “transformando velhas formas de pensar” e, enquanto eu atendia ao seu apelo “me diga o que preciso ouvir”, você ia me “ensinando o que ainda não sei”. Eu preciso me sentir incompleta para seguir bebendo na tua fonte de sabedoria, minha querida mestra.

Quem sempre denunciou os limites de um olhar, provoca, com a sua partida, dificuldades em meu dizer. Logo eu, que fui carinhosamente apelidada “Pero Vaz de Caminha”, estou há dias pescando palavras nesse enlutado rio… Porque é muito triste não ter você; porque não consigo parar de chorar e porque você é uma “encantada”! Então, decidi fazer um vatapá e uma frigideira de atum. Em nossa última conversa sobre 

amenidades, você me pediu estas receitas e disse que, ao melhorar, provaria “as comidinhas da Gal”. É desse jeito que seguirei, dando vida ao que prometemos juntas. Ainda estou processando sobre um mundo sem a sua genialidade, mas esteja certa de que, nas minhas decisões sobre o viver, seus ideais para a educação permanecem movendo as nossas esperanças.

De:

Cainã

É sempre muito difícil perder um amigo, alguém que desde o primeiro encontro, com poucos olhares e nas primeiras frases trocadas, você já se reconhece amigo. 

Não tive a oportunidade de ter sido aluno em época escolar e tenho certeza que teria sido maravilhoso e transformador como foi na vida de milhares de pessoas. Esses dias, na companhia de suas filhas e familiares, tive a oportunidade de acompanhar um pouco da quantidade infinita de mensagens e histórias da legião de admiradores que Maga deixou. 

E, como tudo acontece no tempo que deve acontecer, apesar de não ter sido aluno dentro da sala de aula, fui aluno em nossos tantos encontros, na cozinha de sua casa, na sala de sua casa. Um dos lugares mais acolhedores e amorosos que já encontrei. 

Lendo um texto de uma aluna, vi que ela dizia o quanto tinha orgulho de ter se tornado uma de suas favoritas e perceber que existiam muitos e muitos favoritos. Eu me senti favorito também e é assim mesmo: coração muito grande, sabe? Quando uma pessoa tão sábia e especial consegue fazer você, eu e quem tiver ao seu redor se sentir especial também, você vive uma felicidade única. 

Hoje, apesar dessa tristeza, fica também a felicidade única que você me proporcionou. Fica o aprendizado, a poesia, a arte.

Fica a inspiração em tentar ser melhor e fazer melhor para honrar esse presente que você foi em nossas vidas. Em minha vida. Que honra, meu Deus! Que gratidão!

Descanse em paz. Um dia a gente se encontra no lugar onde há tempo para todas as coisas.

De:

Elvarlinda Jardim

Presidente da Academia Conquistense de Letras

Hoje, Vitória da Conquista perde mais uma Mulher de grandeza estrelar: a professora Magali Mendes.

A Academia Conquistense de Letras, em nome dos acadêmicos e acadêmicas, manifesta sentimentos de pesar pelo falecimento da professora Magali, diretora pedagógica do Colégio Oficina de Vitória da Conquista.

Uma das grandes idealizadoras do Colégio Oficina, onde dedicou, profissional e afetivamente, grande parte da sua vida, foi chamada nesta tarde, de volta à Pátria Espiritual.

Sua partida, como não poderia deixar de ser, deixa triste o coração dos seus familiares, alunos, amigos e admiradores.

Todas as homenagens prestadas a essa Mulher não serão suficientes para mostrar a grandeza e importância do seu trabalho junto aos alunos, pais e comunidade escolar do Colégio Oficina, que traz em si a marca da seriedade, do respeito e do amor pela Educação.

Para ela, “a educação é o único instrumento de intervenção e transformação do mundo”. Prova disso é a sua contribuição no desenvolvimento educacional, que não se limita a Vitória da Conquista.

Com certeza foi uma grande perda para a educação, para Vitória da Conquista, para a Bahia, mas o seu legado fica registrado como patrimônio histórico cultural e educacional.

De:

Enoch Junior

Queridos ex-alunos e colegas, hoje bons e solidários amigos. Lembro muito bem da chegada de Magali ao Colégio Dois de Julho, pois foi um tempo de novidades, alegria, amizades sem preconceitos, várias novas atividades e inovações, o teatro, os esportes com Bruno, a quem chamo de irmão (está muito claro nas minhas recordações, pois, além de tudo me tornei atleta, principalmente de vôlei, em que tivemos a oportunidade de ganhar muitos campeonatos e viajar a vários cantos). Para mim, menos o teatro, tamanha era a timidez, apesar da competência de Magali, mas grande expectador e incluindo gincana e várias outras atividades, criadas por eles, na maior parte de extra-classe. Mas não posso esquecer também dos grandes mestres que começavam a se formar e, entre tantos talentos, eles eram muito jovens e competentes, se destacando já no meio de professores renomados. Costumo dizer que nunca vi professores como Cleydir ou mesmo Magali serem tão respeitados como poucos, na hora de dar uma bronca em sala. O silêncio era total, com todo respeito, no tom, na verbalização, e todo palavreado, sem perder a compostura ou troca de insultos. Com saudades dos bons tempos, Magali brevemente estará curada e serena com as orações de todos nós e poderemos lembrar muitas e muitas outras histórias. Que Deus a acompanhe e proteja, segundo sua vontade. Um beijo carinhoso e um grande abraço.

De:

Fernanda Tapioca

Primeira aula da minha vida, no primeiro ano, ela entrou calada, sentou na mesa, abriu a caderneta e começou a chamada. Um colega (Hamilton Agle) comentou “ela é carioooooca!” e a nega ouviu. Parou a chamada e haja esculacho!!! Rsrs

De:

Ana Klaudia

CSP

Não conheço as filhas dela, mas com certeza foram criadas com o pé no chão, com a cabeça pensando e com muito amor no coração. Com toda a lucidez que Magali sempre teve. Quanta força num momento de tanta dor. Salve Magali!

De:

José

CSP

Caí em recuperação, no primeiro dia ela me disse que o conselho queria me aprovar e ela concordava. Só que, como me achava divertido, resolveu me deixar na recuperação, já que eu poderia ser uma ótima e divertida companhia. Afinal, ela também não queria dar aula de recuperação em plenas férias. Muito espirituosa kkkkkkkk .

De:

Maria Dulce Baleeiro

Uma das referências em minha formação. Marcante. Inesquecível. Que força! Obrigada pelo seu compromisso com a educação, Magali. Siga em paz.

Não quero falar da importância do profissional de educação. Quero falar apenas de Magali. Minha professora no Colégio São Paulo, minha Mestra, minha amiga. Merece muito mais que minha homenagem. Ela merece meu carinho, minha gratidão e meu pedido ao gestor do Universo para que faça o melhor por ela. As lembranças são inúmeras! O carinho é imenso! A gratidão será eterna.
Um beijo, minha querida! Ainda sou capaz de ouvir a sua voz com total clareza.

De:

Alessandro Marimpietri

Magali tem, teve e terá sempre importância capital no que sou e deixa marcas indeléveis em gerações. Por óbvio, em toda uma geração de alunos no curso de sua longa e brilhante trajetória docente. Mas, para além disso, ela marca, com sua palavra forte, seu humor cáustico e sua presença imensa, várias e várias gerações de pessoas cuja formação está a cargo dessa mesma geração da qual faço parte. Ter sido seu aluno e depois seu amigo afeta diretamente todos os meus alunos, todos meus amigos, meu filho e todos aqueles que essas pessoas todas encontrarem nos descaminhos da vida. Magali reverbera infinita em tudo o que somos e em tudo que podemos ser. Sua relevância simbólica escapole dos parâmetros. Seu existir transborda em todos nós. Seu nome rima com potência, sonho, força, afeto desmedido e inteligência refinada. Mas há também dores, amores, dúvidas, tempo e intensidade nos rastros dos seus passos. Grande mulher. Nas brigas ou nos abraços não há como passar incólume por sua presença, mesmo para aqueles que nunca a viram. Meu filho de nove anos não sabe, mas há nele, em sua formação, a letra viva dessa senhora que professorou sempre e bem muito. “Resplandece nítida e real”, sem fim!

De:

Ana Carolina Oliveira dos Santos

Aluna Oficina 1996-1998

Oi Maga.

Estava aqui lembrando da cultura africana bantu e o conceitos dos tempos Zamani, que representa passado (de uma forma bem mais complexa do que a gente conhece) e Sassa, que representa o presente. Não tem palavra para futuro porque o futuro já é agora. E, nessa cultura, uma pessoa que fez a passagem do corpo físico continua presente. Ela só some em definitivo desse plano quando absolutamente mais ninguém do plano presente lembre dela ou emite seu nome. E, no seu caso, né Maga, você não vai embora tão cedo, porque gente lembrando de você e rindo pra caramba é que não vai faltar por muito, muito tempo. Eu mesma lembro mais de você do que eu te ligo (o que é uma falta grave da minha parte), mas você é como Marielle, sempre presente.

Apesar de triste, estava aqui lembrando de você e comecei a sorrir, depois comecei a gargalhar. Primeiro imaginei você chegando no Orum (ou seja lá qual lugar novo que a gente também pode frequentar depois que faz a passagem) e só vejo você chegando, abrindo a porta firme e falando alto pra todo mundo ouvir alguma coisa muito séria, mas de forma tão engraçadamente irônica que eu nunca sabia se eu podia rir ou não da situação. Algo do tipo: “O que é que está acontecendo aqui nesse plano?! Estava eu lá na minha outra existência resolvendo um monte de coisa e recebo a ligação que eu tinha que vir pra cá urgente… pois eu acho muito bom que vocês tenham um bom motivo para eu ter que vir pra cá urgente… porque se for só questão de ego, trate da terapia; se for uma questão de carência emocional, trate do Tinder; se for uma questão de literatura, busque no Google; se for que questão de matemática, busque o Lúcio. Então, eu espero que seja uma questão urgente mesmo. Se não for urgente, vocês são loucos de me chamarem aqui né? E quando eu digo louco, significa que simultaneamente você tem que estar rasgando dinheiro e comendo côcô. E tem que ser os dois de vez, porque se for só rasgando dinheiro, você talvez seja esnobe, se for só comendo côcô, talvez você tenha um gosto exótico, [kkkkk] mas pra ser louco tem que ser os dois na mesma hora, rasgar dinheiro e comer côcô. Então, quem é o responsável por eu estar aqui agora? E espero mesmo que não seja a mesma pessoa que soltou o cordão cheiroso na aula de Carrilho, em 1997”.

Ai, Maga…kkk!! E tô pensando que lá, no outro plano, o pessoal vai ficar de cara quando você chegar resolvendo um monte de coisa de vez, dizendo que quer falar logo com quem acha que manda ali. E, talvez, você descubra que é um de nós, seus eternos alunos, que manda ali e aí é que vai ficar mais engraçado você dizendo: “Ah, Fulano de Tal, você, então, que acha que manda aqui. Só podia ser você. No Oficina in Concert você já fazia isso, não podia ser diferente”.  Isso vai ser muito engraçado….rsss!!!

Também fiquei imaginando, sobre a situação de você sedada. E só consigo pensar que ninguém nunca te derrubou se não tivesse um bom argumento. E pensei: Magali é muito esperta, ela não está ali à toa. Ela já sabe alguma coisa que a gente não sabe. Ela já acessou alguma informação de que no outro plano é bem melhor, ou ela já fez isso tudo pensando que seria a melhor maneira de deixar essa bagunça desse mundo aqui, porque tá difícil, né? 

Ou ainda imagino que você se retou e decidiu descansar e agora você está é de férias aí deitada, porque esse plano ficou muito pequeno e monótono pra você e você está descansando pra dominar o próximo. Ou, ao contrário do que todo mundo pensa, não é a Dona Morte que virá pegar você, mas você que bateu lá na sala dela e disse: “Oh minha filha! Ou seu computador tá com problema ou você está de brincadeira que vai continuar me mantendo aqui por mais um ano. Eu já te passei todos os argumentos que já tenho que sair desse plano. Você precisa de quê? Que eu desenhe pra você?! ” kkkk. E, obviamente, como sempre, você ganhou no argumento e tá usufruindo do Caminho de viajar pra onde você decidiu. 

Tenho certeza que todo mundo aqui tem outras mil memórias e que, como acontece comigo em vários momentos, essas memórias vêm e me inspiram. Então, apesar de ser difícil a gente se encontrar no plano físico, no planos das energias da memória você continua presente. Quando souber seu número novo no novo plano, se der, manda pra gente. Daqui a pouco a gente se vê pra tomar uma, Maga.

De:

Patrícia Ferraz

A ela toda gratidão por esses quase 15 anos de convivência. Foram muitos aprendizados… muitos conselhos muitas confidências… Muuuuitas brigas também. Duas personalidades fortes e intensas. Mas que, minutos depois, já estava tudo bem de novo… 

Foram muitos : “Eu não sou Marcus!”. Muitos : “Eu vou te demitir se você continuar contando as coisas para Marcus!. Eu ando te perguntando da vida de Marcus, por acaso??! Não. Então não é pra você falar mais nada pra ele, okey? E eu dizia “Tá bom, Maga ! Eu não falo mais nada”.

Foram muitos “Você acha que tá certa em tudo?! Tá não, bebê… você não sabe de nada e pensa que sabe!. 

Muitos: “Você pensa que é minha mãe? Não é não, bebê! Você manda na vida de seus pais , que fazem o que você quer.  Na minha NÃO!!!”.

Muitos “ Tá bom, Magali !! Então vou fazer do jeito que você quer… Dê a ordem que eu vou cumprir!”.

Mas, no final, ela me dava razão na maioria das vezes… E, quando não me dava razão, mandava eu fazer o que ela achava que era o certo a ser feito! E eu que não fizesse não pra ver.

Foram muitos “Você não confia e não gosta de ninguém e ainda por cima é pirracenta!”. 

“Rôô, que Patrícia não me ouça, mas quando ela não gosta de alguém ou quando ela fala ‘não acho que devia fazer isso ou aquilo’, pode saber que não é boa coisa.

Foram muitos “Você é uma pessoa difícil, ninguém te aguenta. Você vai acabar só desse jeito!”

Mas também muitos “Okey … Okey… você está certa!”. 

Muitos: “ Eu não quero saber o que você vai faze ou como vai fazer, mas eu quero que você faça!”. E eu que não desse jeito de fazer não… 

“Mamãe”, era como eu a chamava quando estávamos de boas e brincando, ou seja, a maior parte do tempo. E quando estávamos de birra, ela dizia que era minha madrasta e Marcus meu padrasto. 

Para os que tiveram a oportunidade de conviver com ela, sabem o quanto Magali é uma pessoa ímpar! Meus sentimentos à família Mendes ! Tenho certeza que o céu está em festa para te receber.

De:

Fernando Rufino

Bom dia. Muito obrigado por Tudo, Magali. Só agradecer a você pelo seu grande aprendizado, autenticidade, amor, pelas palavras de determinação e conselhos. Por mais que sabemos que, um dia, todos nós vamos morar na casa do Pai. É complicado aceitar a perda de quem a gente gosta e ama, mas cada um tem sua missão nesta Terra. Sei que a sua foi extraordinariamente muito bem cumprida e os espíritos de luz sempre vão conduzir essa Mestra que nos ensinou tanto e deixou um legado muito bonito para todos nós. Viva Magali Mendes!

De:

Fredie Didier

No discurso de posse, disse que compreendia a minha condição de professor como a responsável pelo meu ingresso na Academia de Letras da Bahia. Resolvi fazer uma homenagem aos professores e professoras que me formaram. Fiz uma pequena seleção deles. Magali Mendes foi uma das escolhidas. Minha professora de Literatura no Colégio São Paulo e de Redação no Curso Oficina (1992), Magali(zona) foi decisiva em minha vida. Pelas mais variadas razões. Em minha “bio”, por exemplo, consta a informação que sou “gincanista” – é como me vejo estruturalmente. O ethos e o pathos de gincanista me foram legados por Magali, que simplesmente criou e promoveu um estilo de gincana nas décadas de 80 e 90 em Salvador. Um episódio singelo: ela era a chefe da organização das gincanas desde sempre; a de 1994 seria a primeira gincana como ex-aluno, visto que em 93 não houve, em razão da morte de Dona Jane, uma das diretoras fundadoras do Colégio; Magali me chamou para organizar a gincana integralmente, podendo escolher até o tema; ela aprovou tudo o que fizemos; na hora de divulgar o resultado, ápice e encerramento, o que ela sempre fazia de modo memorável e emocionante, subitamente me passou o microfone e me disse, ao pé de ouvido: “anuncie o resultado, você merece”. Eu tinha 20 anos e aquela gincana me legaria Renata, esposa e mãe de meus três filhos. Magali foi seguramente a professora que mais acreditou em meu potencial. Soube hoje que está se despedindo. Minha reverência a uma mulher cuja vida foi extraordinária e que “extraordinarizou” a vida de milhares de alunos, nos mais de 40 anos de magistério.

De:

Mayana Mendes

Maga, presente! Sempre e para sempre.

Falar da sua trajetória é fácil, tá aí em todos os jornais de Salvador. Mas só quem teve a sorte de viver com você sabe qual é o seu grande legado: transformar as pessoas ao seu redor. Mordia e assoprava. 

Com você não existem meias verdades e algo não podia ser dito. O furacão que revirava tudo era a mesma brisa que acalmava a alma.

O que mais tenho lido é: você me fez acreditar em mim.

Na minha vida você fez nascer algo diferente. Eu aprendi com você a amar o outro, a dar o meu melhor, a ser forte, a ser família. “A cigana leu o meu destino”… e te falou que você teria mais um filho. Você falou: “era só o que faltava, depois de velha adotar uma criança”. Sua cara esse humor, essa irreverência. Mas ela estava certa. E na minha formatura de 3º ano você falou que não esperava mais formar uma filha e ali estava você formando. Foi assim que você me chamou para receber meu diploma.

Obrigada por tanto, você é gigante, minha mãe. Você é eterna, minha tia. Esse seu abraço , de mão que aperta, vai estar pra sempre no meu ombro. Te amo para sempre e tenho orgulho de ser Mayana Mendes, pelo seu Mendes. Honro sua vida!

De:

Caio Emanuel

Uma das mulheres mais inteligentes e exemplares que tive o privilégio de conhecer e conviver diariamente durante anos. É uma notícia muito triste. Maga era o coração do Colégio Oficina. Porém, o legado de uma mulher guerreira, de uma humanidade tão grande como Magali era, jamais será esquecido. A saudade que está no coração de todos nós é enorme, mas tenho certeza que só restarão boas lembranças para todos que tiveram o prazer de conviver com você. Que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos.

De:

Karine Porto

Você trabalhou tanto neste plano, Maga. Plantando o que tanto defendia e acreditava: a educação. Colheu tantos frutos e pode ter a certeza de que muitos ainda virão. O legado foi deixado. Gratidão. Te amo.

De:

Diretoria Colegiada

Sinpro/BA

O Sinpro-Ba recebeu, na tarde deste sábado, 30 de outubro de 2021, a triste notícia do falecimento da professora Magali Mendes, ocorrida na cidade de Vitória da Conquista, onde residia havia alguns anos. 

Magali Mendes foi, desde sempre, uma mulher de forte personalidade, jamais passando despercebida sua presença. Mais que isto, foi competente e combativa professora, ativa representante da base e dirigente sindical de destaque, tendo exercido mandato como presidente do Sinpro-Ba. 

Nas últimas três décadas dedicou-se – juntamente com outros/as parceiros/as – a um projeto educacional respeitável, fundando e dirigindo o Colégio Oficina, em Salvador e, depois, levando esta experiência para a cidade de Vitória da Conquista. 

A educação da Bahia perde, seguramente, uma de suas expoentes mais importantes das últimas décadas. 

O Sinpro-Ba lamenta seu falecimento, ao tempo em que saúda sua memória e seu legado. 

Às filhas e demais familiares e amigos, o Sinpro-Ba expressa seu profundo pesar e solidariedade, rogando que encontrem paz e conforto. 

De:

IBR Hospital

Comunicamos o falecimento da Sra. Magali Mendes, idealizadora do Colégio Oficina Conquista, às 14h desde sábado, 30, por falência múltipla de órgãos. 

Personalidade admirável na Educação, como uma trajetória de quase 50 anos, “Maga”, como é carinhosamente conhecida, esteve assistida ao longo de 38 dias pelos profissionais do IBR Hospital. Acolhemos a família nesse momento delicado de despedida e nos solidarizamos com toda a comunidade escolar. 

“É um orgulho sair por aí e dizer que somos seus alunos (…). Vamos sair daqui não só para buscar nossas aprovações, mas para exercer nossa cidadania da forma que você nos ensina e nos motiva a refletir. Obrigado por ser essa mulher tão forte e extraordinária, que nos inspira tanto” – trecho da carta do 3º ano/2020.

De:

Cia Dançart

Magali entendia a importância da arte. Vários de nós da Cia fomos oportunizados por ela para desenvolvermos um trabalho coreográfico com os alunos, sendo tratados sempre como merecíamos: com a seriedade que artistas precisam ser tratados, com respeito e credibilidade que amamos ter, porque arte precisa ser levada a sério. Vá em paz, Maga. A Cia Dançart tem orgulho de ter sua história, de alguma maneira, cruzada com a tua. Os aplausos hoje são pra você.

De:

Rafael Flores

Obrigado por tudo, Maga, missão cumprida, hein? Saiba que você mudou a minha cabeça e a minha vida. “Eu fiz a minha parte, vão sair daqui sabendo que são racistas e preconceituosos, o que vão fazer com isso já é papel de vocês”. Nunca vou me esquecer desse seu discurso na formatura da minha turma. Um beijo em Nara, em Maíra e em toda família e equipe do Colégio Oficina. Amo vocês! 

De:

Mayara Silva

Aprendi tanto com você, Maga! Obrigada pela partilha e confiança. Obrigada por todos os ensinamentos! Seguiremos com muita saudade… ah, Magali Mendes, Magali Mendes, que força tem o seu nome, a sua história…

De:

Robson Negão

LUTO 

MAGA VAI COM DEUS… TE AMO

Tia, mãe, mulher MAGALI MENDES, nada do que eu disser agora vai adiantar. Você já se foi e não mais se encontra no meio de nós. Só queria que você soubesse, pela última vez, o quanto eu te amo e te admiro. Sim, no presente, porque para mim você sempre estará viva em meu coração. Obrigado por me tratar com amor e nunca me julgar (suas filhas, pra saírem, só se fossem comigo!). Você foi uma das pessoas que me fizeram enxergar o lado bom da vida e serei extremamente grato por abrir meus olhos e por me tirar de diversas situações envolvendo polícia, vizinhos preconceituosos, brigas e até delegacia. O luto será eterno. Descanse em paz! MAGA AMU TU

De:

Marina Fernandes

Eu sempre quis ser, pelo menos, um terço da mulher que era Magali Mendes.

Do meu primeiro grande porre, na vitória de Wagner em 2006 – graças a ela que me dizia, já um pouco alta, “Marília, Marília, ganhamos, porra!!”- ao amor pelo pensamento crítico, pela atitude crítica, Magali Mendes estava lá. Minha pedagoga, e nao psicóloga, como dizia.

Magali me ensinou a ter dúvida, a não aceitar. A nao abrir mao, jamais, de ser quem sou.

Magali ensinou que inteligência sem atitude crítica de nada vale. A misturar arte e política, poesia e sociologia. 

A inteligência ácida louca de Magali me ensinou a estar confortável em minha maluquice. A última vez que a vi, faz alguns anos, ela me disse, um tanto aliviada: “ufa, nosso método de ensino produziu bons malucos”.

Magali, como hoje escreveu Flávia Azevedo, era um antídoto antimediocridade.

De:

Vaneska Freitas

É sempre muito difícil e doloroso encontrar palavras pra se despedir de alguém… quase impossível quando esse alguém é tão Especial e te marcou de uma forma que jamais será esquecida.   

Foram muitos dias de aprendizado; meses de convivência, anos de confiança e agora… agora só lembranças e saudade. Desde 2011 em sua presença, aprender com essa pessoa de inteligência indescritível foi um marco em minha vida, em minha história.  

Magali Mendes não foi só uma grande professora, nem só a Diretora Fundadora do meu local de trabalho, de aprendizado de milhares outras pessoas; ela foi e sempre será um grande exemplo a ser seguido, um referencial dos grandes de nossa educação!   

Não conseguimos nos abraçar novamente, em comemoração a esse período nefasto vivido…  Mas em meus pensamentos e em meu coração lhe aperto calorosamente em meus braços, em agradecimento a toda confiança em mim, toda oportunidade a mim dada de me tornar alguém melhor…

“Eu sou maior do que era antes. Estou melhor do que era ontem. Eu sou filho do mistério e do silêncio. Somente o tempo vai me revelar quem sou”.

De:

Caroline Cardoso

Estava aqui revendo algumas aberturas do Oficina in Concert e, no ano de 2017, quando o colégio estava fazendo 10 anos em Conquista, fizeram uma homenagem pra Magali na qual diziam que ela era um patrimônio intelectual, um patrimônio de afeto, um patrimônio pra educação de Vitória da Conquista. Essas frases junto com uma foto descreveram bem a Magali afetuosa que eu conheci. 

Afeto. Amor. Receptividade. Carinho. Ah Maga, quantos finais de semana naquela sua área tomando uma cervejinha com aquele mutuêro de comida, porque, sim, você só fazia mutuêro. Quantas marés pós-vinhos. Quantos aniversários que você já permitiu e compartilhou conosco. Quantas brigas com aquele vizinho. Quantas frases “puta que partiu, água, Maíra hoje tá foda”. Quantos ensinamentos. Você, Maga, era foda!! 

Muito obrigada por ter permitido viver, compartilhar e aprender contigo. Obrigada por nunca ter desistido da educação. Você é sim, Maga, um patrimônio de Vitória da Conquista e região. 

Hoje, vendo meu primo pegar um ônibus em direção a Belo Horizonte pra cursar Direito, tenho a certeza de que você SEMPRE ESTEVE NO CAMINHO CERTO. E, sem dúvida, você tem todo o mérito nessa conquista. 

Te amarei pra sempre.

De:

Adriana Borba

Hoje foi o dia da despedida oficial desse doce furacão chamado Magali. 

Não canso de expressar a minha gratidão por tanta generosidade, atenção e carinho que recebi de Magali, essa mulher valente, ímpar e fantástica durante o tempo que passei com ela, profissionalmente, no Oficina. 

Da vida fora da escola, guardo recordações de encontros deliciosos, cheios de alegria e muita admiração. Cada minuto ao lado dela era único e eu nunca quis perder uma oportunidade. 

Ela foi uma referência na minha vida. Inspiradora, me mostrou que temos que ter liberdade para sermos um ser pensante. Uma mulher senhora de mim e sempre pronta para entender o meu lugar no mundo (isso ela fazia com maestria). 

Me ensinou muito mais do que eu poderia imaginar. Realmente não imaginava tanto. Trabalhar com ela foi, seguramente, uma das decisões mais acertadas da minha vida.

Quanto aprendizado…. tanto, tanto aprendizado e trago até hoje esses ensinamentos pra minha vida. Não tenho como expressar tamanho carinho e respeito por você, Maga. 

Obrigada, obrigada, obrigada por tudo, sempre.  Siga em paz e até um dia.

De:

Marco Jardim

Marquinhos da vOceve

Para Magali Mendes, com quem tive a honra de caminhar de braços dados

 

ODE À GRATIDÃO

Escrevo para afirmar que você principia, não se encerra.

É ciência da presença, é guia. 

É travessia às estrelas com pés legados à terra de chão. 

Voz de consciência que dita do coração. 

É uma lei habitual de tantos encontros. 

Ou tão somente um dia a mais de verão.

Entidade na minha formação.

No ensaio geral que ando fazendo pra reabilitar meu convívio com o seu tempo.

Tempo de oração tropicalista, com sua fotografia nas mãos.

Tem luz própria ali naquele retrato, irregular colosso que faz brilhar de você até o sol.

Você, que é gente viva. É água do mar.

Ainda que água seja aquela substância fugidia, sem a solidez de determinados afetos, você, (en)canto, ao certo.

Tinta que não desmanchará.

Marca que não desvanecerá.

Amiga de meio tempo em tempo bom.

Tudo que desejava, (re)inventava, sonhava, ganhava movimento a outros mundos, levado pelos ventos de outros lances.

Você, a língua e o dialeto da franqueza, mulher-nobreza até a última gota de sol.

Uma esquina, uma rua, uma escola na minha alma-maresia.

E se eu mudasse de areia, de passeio, de meio-fio, na frase do painel, você me recordava a poesia de origem, o limite do céu.

Dizia, feito maga, oráculo, lord, que o mundo assim deve ser o ideal.

Vivo, potente, ímpar ou igual.

Neste universo de espaços, vidas e embarcações, meu papel era o de bastidor.

Este lugar-tempo de reverência onde, por você, exercitei amor.

Sempre fiquei assim… meio parvo, perto de você. 

Fisgando palavras como se interceptasse luz. 

Entre debates e contemplação.

Sua vida sempre foi toda uma dramaturgia pedindo um beijo. 

E agora você segue em seu sindicato de memórias afetivas, uma ode, um ensejo à gratidão.

E o que se vê é essa claridade que precede o eterno horizonte.

Chamam de céu, de plano espiritual, eu bem chamo de ocupação. 

Uma viagem para o futuro do presente, transvertendo as formas de cogitar.

Orun-aiê, cinzas nas ondas do mar.

Ouvindo algum clássico ensolarado de Chico, despeço-me na mesma distância de proximidade.

E ainda ouço você dizer: “Coragem! Enfrente com criatividade”.

E Milton cantava no disco que nada mais será como antes. 

E você insistia, visionária, que somos todos catárticos caminhantes.

Levando a tal felicidade a sério, escuta os convescotes, os acenos do norte da saudade, mas segue, Maga, adiante, neste divino mistério.

De:

Giuliano

Indelével: que não se pode apagar, eliminar. Que é durável, permanente. Que não se pode destruir, suprimir ou fazer desaparecer totalmente. Amor.

Este é um dos significados de Magali… Viveu e deixou sua tinta, sua marca, para além dos que cruzaram seu caminho… Os que nos descendem e descenderão ainda carregarão essa marca por gerações. Aqueles que se tornaram e se tornarão docentes, entregarão aos seus discentes muitos dos ensinamentos desta mulher incrível.

Ou seja, mais do que a imensa maioria dos seres humanos, ela deixa um legado fortíssimo. Legado que transcende o círculo que a cercou… E que permanecerá permeando cada geração seguinte… 

A definição de Magali, seu significado neste mundo, por si só, com certeza, já acalenta o coração de sua família em relação à sua partida… Porque ela não se despedirá… Não desvanecerá… Estará presente e viva no legado que deixa, nos olhos e nas falas de todos… 

O horizonte eterno ganha um ser incrível, uma consciência que jamais passará em branco, nem aqui, nem ali. 

Fica minha singela homenagem a ela…Magali: a indelével…

De:

Cláudio Enrique

Colégio São Paulo, 1990

Difícil escrever nesse momento, difícil escrever pra quem nos ensinou a tratar com todo carinho as palavras e os textos. Com Magali até aprendi que música não era só ritmo e melodia. Quantas histórias e ensinamentos constatei em cada verso, em cada estrofe. 

Conheci Maga como tia de minha melhor amiga, depois tive um dos grandes prazeres de minha vida…ser seu aluno. Desculpa quem não teve essa oportunidade, mas, sem medo de errar, a melhor professora do mundo. Ela fazia a gente sair das paredes das salas de aula, conhecer o mundo em poucas palavras. 

Confesso que, em minhas primeiras aulas com Magali, cheguei a me assustar. Como essa mulher conseguia acreditar tanto no que fazia? Chegava a cuspir no microfone com tamanha veemência. Logo depois, rapidinho entendi tudo, aprendi tudo e o porquê do tamanho daquele prazer no que ela fazia.

Não é que, por ironia do destino, anos depois entrei pra família dela e entrei com força e sempre com ela de braços abertos. Ela sempre me chamou de “meu príncipe”, mal sabe ela que sempre foi minha rainha, que orgulho tenho dessa mulher.

Maga, eu não tenho como te agradecer, você mudou minha vida desde os primeiros momentos em sala de aula e hoje tenho mais três lindas irmãs que amo muito.

Prepara tudo aí pra gente, aqui vamos nos cuidando, mas, claro, “levando a felicidade a sério”.

Te amo!

De:

Dani

Colégio São Paulo e Colégio Oficina

Ela deixou muito dela em mim. Só tenho boas lembranças dos momentos que convivemos, principalmente no Colégio Oficina. Além de pró e inspiração, uma grande líder, amiga e colega. 

Com muito carinho me despeço, agradecendo a ela por todas as oportunidades, confiança e conselhos que marcaram a minha vida.

Meus sinceros sentimentos para toda a família.

De:

Leonardo Kurihara

China, do Imbuí

Bom dia, minha gente. Ainda digerindo a passagem de Magali, mas uma das coisas que não me sai da cabeça era a potência dessa mulher. Ela lia as coisas como poucos… Apostou no Imbuí porque ela via a potência ali. Magali e os campos de barro conectaram gerações que estavam separadas por muros (ps: Negao e Lu Zimbábue também faziam isso com maestria, eram os embaixadores, rs)… Vitor Kauá estava me lembrando aqui das tardes de sábado na casa dela, eu ainda com 16 anos, era música boa, grades de cerveja e resenha intermináveis… Depois de uma tarde dessas, fomos pra estreia de um campeonato de futebol no Oficina. Perdemos o jogo e a cabeça. Éramos 3º ano A e brigamos com os colegas do 3º B. Nessa época já estudávamos na Pituba e foi muito constrangedor toda aquela briga, porque, além de escola ser pequena, sabíamos do carinho que os professores e funcionários tinham por nossa turma do Imbuí e ter que encarar o dia a dia da escola na segunda-feira foi osso… Lembro dela intimando a gente para um encontro, furiosa, pagou umas cervejas, deu aquela bronca, mas, no final, veio uma risadinha e comentário: “mas é bom esses playboys tomarem uma surra de vez em quando!” ❤️

De:

Jorge Alencar

Magali me ligou num sábado de manhã. Só poderia ser urgência. Firme e afetuosa, desejou-me um bom dia e engatou o motivo da ligação dizendo: “O beijo precisa acontecer”.

Enquanto diretora do Colégio onde eu trabalhava, ela tinha me telefonado para sustentar a decisão de realizar o beijo entre dois rapazes na peça que estávamos ensaiando. Ela tinha sido informada, pelo grupo de teatro, que eu estava institucionalmente inseguro em efetivar o beijo previsto no texto de Claudio Simões, “Nada Será Como Antes”.

A dramaturgia pedia o beijo. O grupo reivindicava o beijo. Os dois jovens da cena em questão – na época já maiores de 18 anos – consideravam fundamental o beijo. Magali exigia o beijo. E eu, cujo afeto passava por beijar outros homens, estava em estado de hesitação. É que, para mim, até então, nunca havia sido possível o afeto em forma de beijo entre homens, em uma escola.

No dia da apresentação, o teatro estava cheio. Eu na cabine de luz com Márcio Nonato, meu parceiro de direção na época. Nem conseguimos sentar enquanto assistíamos. Na altura exata da peça, a bateria fez a virada percussiva para que Duda e Pedrinho se beijassem sob aplausos e gritos catárticos. Eu me debulhava. Não só em lágrimas.

Essa história sem precedentes se deu há quase quinze anos. Quando dois homens não tinham sequer beijado na TV aberta. O beijo que acontecia naquele teatro não era urgente apenas ao corpo daquela obra, mas também para mim e para cada homem que ousou beijar outro homem, para cada mulher que ousou beijar outra mulher. Para todo mundo. No final da peça, Magali me tomou pelo braço e nos juntamos aos jovens artistas no palco com orgulho e olho molhado.

Nada seria como antes, Magali, porque sua passagem em nossas vidas fez uma diferença grandiosa.

De:

Badaró

Não conheci Magali no CSP, quero dizer, não a conheci pessoalmente, conheci Luiza (nas visitas forçadamente frequentes à coordenação). O que se assemelha a conhecer tantas histórias de Magali, que essa mulher-entidade se fazia presente na minha educação, na minha formação política, sem ao menos eu conhecê-la. Anos depois, continuei ouvindo suas histórias ao entrar pro Grêmio, por sorte, em dado momento cruzei com a equipe do Oficina e pude ligar o mito à mulher. Preciso dizer que o mito não se equipara, nem de longe!

Magali vive em Luizas, Jorges, Flávias… mas também em nós que somos crias de suas crias. 

Que seja recebida no Orun. Nós aqui seguiremos a honrá-la sem nos submeter a barbáries, lutando pelo justo e belo da vida.

De:

Maísa

Lembra quando você me ensinou a parar de “miar”?! Disse-me que no profissional não existe mágoa; que a gente discorda e só para de argumentar quando uma convence a outra, e, depois disso, seja qual for o desgaste, a gente tem uma cerveja pra tomar, uma piada pra fazer e uma nova ideia pra botar em prática… Lembra que a gente não sabia usar o interfone em nossas salas, separadas por 4m de distância, gastamos aquele chão de lá pra cá, porque a gente precisava ocupar o mesmo espaço pra se entender, até dividimos sua cama com Yoko dormindo na minha cabeça?… Você me ensinou o ENFRENTAMENTO com aquela sua pérola “quem tem medo de cagar não come”, mas também a recuar estrategicamente já que “quem tem cu, tem medo”… você que me entregava “seu lojinha” com toda confiança e me enchia o saco pra eu “patentear essa merda!” quando “tomava uma assinatura”.

…Jamais esquecerei a primeira vez q te vi, com uma entrada furacão porta adentro, como uma Mrs. Dolloway soteropolitana, encantada por ter ido comprar suas próprias “panelas” no comércio conquistense e aquela era a pauta mais importante do dia… Desde então, foram tantos “filosofar em alemão”… você me apresentou a uma das minhas grandes paixões – Guimarães Rosa –, eu, admirada com sua inteligência sem fim, te perguntei por que você não seguiu numa carreira acadêmica, você era um gênio! E você me respondeu: “porque eu gosto de gente”. E sua vida foi uma expressão dessa sua máxima… Brigamos, tantas vezes que nem consigo contar… e doía porque, no final do dia, só nos afeta quem é importante pra gente… em tempo, consegui te dizer o quanto eu te amava e te admirava e acho que você sabia dessa verdade… 

…Tem tanta coisa minha agora que é sua, misturada aqui dentro, como tatuagem na memória que nunca mais poderá ser arrancada de mim, e isso me torna tanto melhor do que eu era antes de você… Um dia você me procurou e eu já tinha ido embora e como ignorávamos o fato de “Gram Bell já ter inventado o telefone”, você esperou o dia seguinte para nos VERMOS e instituiu uma de suas tantas regras malucas: “é proibido ir embora sem dizer tchau” e foi assim desde então, até que você quebrou sua própria regra, por uma força que foi maior que sua vontade, e eu fiquei aqui sem seu tchau e com essa vontade enorme de que, em um outro universo, talvez, ainda existam outros “guetos” em que a gente possa “dar a volta” e sorrir e chorar, como sempre foram todos os nossos encontros – esse misto de emoções que a gente nem sabe dar nome…

De:

Pedro Massinha

Eu já ouvia falar muito dela, o seu nome é referência de educação na Bahia, Salvador reverencia a sua inteligência e a capacidade de transmitir os seus conhecimentos. Todos fazem questão de dizer: “foi minha professora de redação”.

Vitória da Conquista reagiu muito bem quando há treze anos foi implantado o Colégio Oficina aqui no badalada mapa da Avenida Olívia Flores. Claro que houve pessoas que reagiram, não insurgiram, manifestaram seu ceticismo quanto ao modelo de educação que estava sendo implantado na cidade: revolucionário, no qual os alunos são partícipes da rotina diária da escola, onde direção e professores os veem como protagonistas das ações, dos projetos, e não como simples participantes, coadjuvantes.

Magali é uma estrela que não quis brilhar sozinha, ela conseguiu formar uma equipe de alto nível que não obstante a sua ausência física, o Oficina não sofrerá processo de continuidade, porque o time formado por Magali é muito bom, e aí está o segredo do sucesso desse conceito de educação que veio para conquistar jovens e os pais também.

A partida de Magali deixa um imenso vazio no meio da educação. Conquista perde uma ilustre figura humana. Os seus colegas, os alunos, todos sentirão muita falta dessa mulher corajosa, destemida, que não arredou pé dos seus princípios para conseguir a liderança inquestionável do Oficina frente as excelentes escolas da nossa cidade.

“Massa, ela não quis velório, sempre disse aos seus próximos que não gostaria do ritual fúnebre, e o seu corpo será transladado para Salvador onde será cremado, restrito aos familiares”, me disse Marquinho, o Marcus Vinícius, grande parceiro de Magali no Colégio Oficina.

Todos nós estamos órfãos, tristes não, contenham as lágrimas. Mais que a saudade, Maga deixou um legado de coisas boas a ser seguido por todos nós.

Magali Mendes, aos 70 anos, nos deixou e “nem se despediu de mim”!

De:

Flavia Azevedo

Artigo publicado no Correio24horas

Magali Mendes: pra fora e acima da manada

Doutrinadora, sim, no melhor sentido da palavra, não do jeito que anda nas piores bocas da atualidade

(Tentei, mas há pessoas sobre as quais não se pode falar sem autorreferência. Precisamente, aquelas que são definitivas na formação de outras pessoas. Mais do que ficar no afeto e nas lembranças, grandes educadores/as permanecem na estrutura de quem teve a sorte de ser aluno/a, extrapolando uma matéria específica. Então, desculpe que também seja sobre mim, um texto que é para ela.) 

A Flavia de 15/16 anos andava, numa escola baiana de “elite”, de camiseta branca e sem sutiã. Também não penteava os cabelos longos e cacheados. Usava calças muito folgadas e sapatos estranhos. Namorava muito e não escondia isso de ninguém. Além de tudo, bebia e fumava. Um dia, estava triste na aula, que o rapaz com quem ficava – e por quem achava estar apaixonada – não “assumia a relação”, aparentemente porque ela era muito “fora do padrão”.

A incomum melancolia da aluna chamou a atenção da professora de redação que quis saber o que se passava. Aluna de olhos marejados, história contada, a professora só disse: “ele não vai segurar na sua mão, nenhum homem segura em nossas mãos, somos nós que seguramos nas deles, aprenda logo isso e, se quiser, vá lá resolver”, olhando nos olhos da aluna e logo se levantando da cadeira lembrando que as duas tinham mais o que fazer do que perder tempo com comportamento corriqueiro de projeto de homem padrão. 

Mesmo que, hoje, eu já tenha cansado um pouco desse “protagonismo” (e, mais ainda, do tipo “homem padrão”), na época eu fui lá, resolvi a parada e me senti mais poderosa do que a Mulher-Maravilha. Rá! Eu podia dar as cartas, se quisesse. Perdi as contas das tantas vezes em que, depois dessa conversa com minha professora, eu disse “quero você” a quem  desejei, sem timidez alguma. Ao longo da vida, fui entendendo, também, que essa é só uma das possibilidades de interpretação daquela frase que ecoa em mim até hoje, sempre verdade aplicável a diversas situações nas interações românticas entre homem e mulher. 

Magali Mendes é o nome da pessoa que me deu essa lição e tantas outras, durante o tempo em que foi minha professora. Foi ela, por exemplo, que me apresentou ao meu próprio racismo, aquele que vem de berço e eu negava com veemência, ignorante utilíssima da minha hipocrisia. Fui desmascarada, morri de vergonha, mas também cresci e pude me colocar – não apenas achar que estava – no lado bom da força. Naquela época, ainda não se falava em  “antirracismo”, mas já se praticava, saiba. 

(Aquilo que ela fazia era guerrilha, ocupação, qualquer coisa menos apenas ensinar a jovens de classe média e média/alta como interpretar e escrever textos pro vestibular.) 

Magali também ensinava luta de classes, tanto quanto qualquer bom professor/a de História, ao explicar, detalhadamente, os motivos das tantas greves de professores/as, as decisões e posturas de um sindicato efervescente. Tudo perfeitamente contextualizado, diante de uma sala onde quase todos/as eram “filhos de patrões”, ainda que houvesse uma variedade de posições financeiras. Eu estava ali por um importante esforço dos meus pais (e havia colegas na mesma situação, além de filhos/as de professores/as), mas dividia a sala com herdeiros de grandes empreiteiras, sobrenomes políticos importantes ou apenas ricos anônimos e nenhum uniforme os “uniformizava”. Mas ela, sim. Ao conseguir a empatia daquele lote de adolescentes, ela fazia mais por nós do que pelo movimento da categoria.  

(Doutrinadora, sim, no melhor sentido da palavra, não do jeito que anda nas piores bocas da atualidade.) 

Era grande como o quê aquilo que Magali nos trazia na voz firme, na bibliografia indicada, nos retornos do que escrevíamos, nas provocações para as quais não perdia oportunidade. Também nas páginas mimeografadas e no toca-fitas prateado que dizia, lá de dentro, Cazuzas, Caetanos e um monte de outras coisas de seduzir ensinando gente a pensar. Nós todos/as com a letra da música em mãos, audição encerrada, e aí “você entendeu o quê da primeira estrofe?”, Magali perguntava chiando nos “s”, mas não só da carioquice de origem. Era ela falando em magalilês, aquela língua de pessoa inteligente que me deixava vidrada como em raras, raríssimas aulas. Tudo tinha profundidade.

As aulas de Magali eram lugar de expandir, de olhar para todas as coisas, de despertar consciência crítica. Eram treinos pra deixar a cabeça esperta, pra entender o que o outro quis dizer, pra aprender a dizer o que queríamos, com cada palavra em seu lugar. Aquilo era veneno antimediocridade em doses cavalares, era provocação de olhares incomuns. É claro que havia muita técnica ali, mas eu só via generosidade, o mundo se abrindo na minha frente, como se já estivesse transportada para novaiorques, sevilhas, londres, festivais, trens, palcos, livros, trânsitos e todos os lugares, liberdades e insubordinações que eu só conheceria depois, mas já se anunciavam, desejo, em mim. Aquela professora era, entre tantas coisas, também minha viagem pro futuro, cenoura na frente do meu nariz. 

Magali tinha o hábito de ler as melhores redações de uma turma, em outras turmas. Um dia, a notícia chegou pelo corredor: foi a minha vez. Então, ela achava que eu escrevia bem? Ca-ra-lho!!! Melhor do que publicar no The New York Times. Na minha cabeça, passei a fazer parte de uma casta especial: a das pessoas que escreviam redações usadas como exemplo por Magali Mendes. Uma imensa responsabilidade, achei, capricho redobrado nas próximas e samba na cara da sociedade mundial que só não foi maior do que no dia em que ela me deu Vaca Profana, a música, de presente. Luxo, poder e glória. Guardo isso comigo até hoje e escutar essa música é um acessar de memórias recorrente, quando preciso me refazer. 

Magali me fazia sentir especial. O que podia ser mais forte do que a aprovação da professora mais foda do colégio que eu achava melhor do mundo? Ela me legitimava, me arrumava por dentro, me ensinava que havia algo de muito sério a ser feito aqui. Passei um tempo acreditando que eu era das cinco pessoas preferidas dela, mas esse número foi crescendo e de repente entendi que eram dezenas de preferidos, centenas e talvez sejam milhares. O que não me faria sentir suficientemente “querida” aos 15/16 anos e, talvez por isso, ela me deixasse acreditar que eu ocupava um lugar muito privilegiado nos afetos dela. Porque, né? Aquele eguinho recém-nascido, aquele pobre ser em formação, tava precisando e ela sabia, claro. 

Agora, a consciência de que talvez sejamos milhares, me conforta. Pode ser que a gente seja uma tribo, sei lá. Me sinto acompanhada. Também quitada, nessa despedida, porque disse a ela, em vida, o que precisava dizer. Eu já não encontrava Magali há muito tempo, mas não foram poucos os “Magaaaaaaa” que gritei, nas últimas décadas, ao vê-la em algum lugar aleatório, antes de um abraço. A minha idade adulta nos trouxe amigos e situações em comum, mas eu nunca me acostumei a vê-la como uma igual, ali num encontro ou numa mesa de bar. Toda vez eu ficava olhando e lembrando do quanto ela me acolheu e estruturou. Não viramos amigas íntimas, não nos frequentamos, não nos adicionamos nas redes sociais. Não foi o caso. Não precisou. 

Acabo de receber a notícia de que, depois de uma amorosa despedida, cercada de respeito, amparo e das melhores energias de muita gente, Magali foi embora. Esta redação, portanto, é uma tentativa de homenagem. Que não estará à altura da homenageada, certamente, mas contém um tanto de coisas – na forma e no conteúdo – que aprendi com ela. Também é o meu beijo, meu abraço na galera que fica e nas três lindas mulheres de sorte que conheci meninas e são filhas dela. Tomara que você goste um pouquinho, Maga, e que tenha partido daqui com a noção exata da sua grandeza.Termino de escrever numa tarde ensolarada de sábado, escutando Vaca Profana na voz de Gal. Na minha cabeça, o sentido da expressão “a gente só dá o que tem”. Eu sempre soube que o “meu presente” dizia menos de mim e muito mais de você. Voa! 

(Pra fora e acima da manada.) 

De:

Erica Saraiva

Magali foi muito importante na minha educação, no desenvolvimento do meu senso crítico, um dos diferenciais do CSP antes de ser vendido pro Anchieta. Graças a ela, aprendi a me impor diante de pessoas – e até amigos que se aproveitavam de minha boa vontade nas relações- a me valorizar, a dizer o que penso e a ouvir também, a ser ousada e a não ter medo de me expor, inclusive ao ridículo, entendendo isso como algo positivo no meu processo de evolução para me tornar uma pessoa melhor e mais preparada pra a vida como ela é. Devo muito a ela. Mulher da porra.

De:

Guilherme Mauruto

“Magalizona, uma vez no cursinho Oficina, o pioneiro, foi buscar a gente no bar que tinha em frente para assistir aula, sentou-se conosco na mesa, pediu uma cerveja e deu uma pagação daquelas. Milagres acontecem!”

De:

José

CSP

Certa feita, ganhei de presente um disco de Caetano com dedicatória e tudo. Ela se divertia quando eu dizia que Caetano era bicha , kkkkkk , aí ela me deu o disco. Em sucessivas mudanças, acabei perdendo o disco. Deve estar guardado com minhas irmãs.

De:

Marta Dias

Magali é uma pessoa que teve muita importância, em diversos momentos da minha vida. Mesmo antes de ser minha professora e muito tempo depois, já na minha caminhada profissional.

Suas gincanas estão entre os pontos fortes da minha formação. 

Sempre que participo de alguma conversa sobre avaliação escolar, cito sua conduta como exemplo. Seu gabarito só era definido após correção em sala. Ela sempre ouvia as nossas interpretações e não era incomum, após conversa, considerar mais de um item correto, numa mesma questão.

Só levei uma “escrachada” dela, o que reconheci, na hora, que ela estava coberta de razão. A partir daí, fiquei mais atenta aos preconceitos que entram pelos poros, mas podem ser descartados, com uma dose de sensatez! 

Alguns (muitos) professores foram importantes no ajuste do meu norte. Mirei-me nos melhores para construir a professora que me tornei. Ela, certamente, tem lugar cativo nessa jornada!

Só a agradecer!! Que o tempo traga o que for melhor para ela! Que honremos o seu legado!!

De:

Pedro Fonseca

Peu, minha mãe ouviu na rádio que Magali não tá bem, me disse Clara, amiga dos tempos do Oficina. Temos que ir preparando o coração para nos despedir da nossa amiga, ouvi de Cris. Soube que está se despedindo, escreveu Fredie, contando uma história que eu também ouvi dela mais de uma vez. 

Magali adora os amigos, adora falar dos amigos e com os amigos. Memoráveis farras no apartamento do Imbuí e depois na Pituba. A casa de Magali foi de seus amigos também. Sei que sua casa em Vitória da Conquista estava aberta para mim, como a minha sempre esteve para ela. Disse-me que vinha a São Paulo depois do Carnaval. O Carnaval passou, o ano passou, o tempo passou e não nos vimos. 

Magali deu as melhores aulas de escrita e leitura que tive. Fez da sala de aula um palco maravilhoso. Crescia nele, e também o deixava maior, um pouco Bethânia. Váries de nós, apaixonades, levaremos as aulas de Magali para sempre no pensamento, coração, no jeito de viver em sociedade. Levaremos com a gente os livros que Magali leu, os filmes que viu, os amores que ela viveu, as lutas que lutou bravamente. 

Magali fez política a vida toda, o tempo inteiro. Honrou cada lugar que ocupou, e não foram poucos. Uma mistura inesquecível de amor, humor, compromisso, generosidade, doçura, inteligência, charme e mais. 

Tô escrevendo pra ver se pára de doer, queria mesmo era te dar um abraço e ver seu sorriso e seu olhar, que não quero esquecer. Te amo e te levo comigo, Maga. Com a responsabilidade que isso implica.

De:

Luiza Helena

Ex-aluna do CSP, turma de 1990

O último contato que tive com Magali foi em março. Num áudio que ela enviou com palavras muito, muito queridas sobre mim, após um vídeo que gravei na pandemia.

Queria ter agradecido pessoalmente. Agradecer pelas palavras e também por tudo que ela representou e representa pra mim, pra meus irmãos e meus primos. Somos uma família de muita sorte!

Queria ter dito isso a ela. Queria ter lhe dado um grande abraço.

Maga querida, você é muito, muito especial!

De:

Cintia Matos

Só lembro de Magali como uma mulher forte, cheias de ideias inovadoras, de um discurso firme, seguro e objetivo, de um coração acolhedor… nunca fui tão íntima mas sempre me senti acolhida e bem recebida… aconchegada!

Oportunidade de dividir um dia na semana com essa Fiona cheia de experiências de vida… Ela nem sabe e nunca pude dizer que foi quem me fez abrir os olhos para o autismo… para desembaralhar meu coração… a experiência de vida dela mudaria minha vida!!!!

Um prazer enorme ter uma foto de mãos dadas com esse exemplo de mulher em um momento tão especial pra mim…

Um prazer dizer que no primeiro dia de pós-casamento… foi na casa de Magali que os meus foram gargalhar as resenhas… 

Mãe da amiga de minha irmã, tia da minha amiga, mãe de amiga, vizinha, professora, exemplo de mulher… 

Minha pequena homenagem a Magali… 

Que Deus a receba e conforte o coração de vocês!! Sintam-se abraçadas!!!

De:

Marcelo Bezerra

CSP 1981

Foi a professora da minha vida. A maior educadora que eu conheci. Tinha uma enorme capacidade de comunicação e muito carisma. Era admirada, respeitada e querida por todos os alunos. Politizada, tinha um profundo senso de humanismo que não deixava ninguém indiferente. Meus anos de estudo no Colégio São Paulo foram positivamente marcados por várias coisas, muito inclusive por ter sido aluno de Magali Mendes. De uns tempos pra cá, comecei a pensar em vê-la. Infelizmente o tempo me traiu. Fica a lembrança de uma pessoa que marcou politicamente e existencialmente minha personalidade e isso eu nunca esqueci. Hoje a tristeza entrou pelo Facebook. Magali, obrigado por tudo. Descanse em paz.

De:

Alessandra Pamponet

Magali foi professora de verdade. Com ela aprendi a matéria Língua Portuguesa, mas também aprendi muito sobre valores humanos e política social. Minha vida não seria regada de tantas lutas contra as injustiças sociais se eu não tivesse encontrado exemplos de integridade, luta, força e buscas, como Magali. Obrigada minha pró. Um grande beijo.

De:

Márcea Sales

“Magali precisa voar”. Valendo-me desta imagem apresentada por Lu, a vejo como um avião que leva com ela um tanto de cada um/a de nós. Nossa Maga, um trator que nos trouxe revoluções anuncia seu vôo: que lhe seja leve! Força, fé e serenidade para as Meninas – Maíra, Nara e Bruna -; para a Família de sangue e para nós, outra Família que se constituiu em torno das nossas histórias, junto com ela. Já com muita saudade de tudo!

De:

Lucas

Oi, Maga 

É curioso. Desde que passei pelo Oficina já escrevi pra tanta gente… Às vezes MUITA gente mesmo, aos milhares. Um público é mais difícil do que o outro, mas a gente dá um jeito de driblar o que não sabe – afinal de contas, “se você não sabe escrever ‘sexta’, na sua redação a festa foi sábado!” Não é assim? 🙂 Mas escrever pra você não é tão simples. Nunca foi.

É que, contigo, escrever “sábado” certo é pouco. Você veria transparente na minha cara que minha verdade era sexta. Não importa o quanto eu virasse do avesso a minha estrutura argumentativa – e você sabe que eu faria malabarismos pra isso – se a minha verdade é sexta, não tem sábado que faça esse texto ser meu. E é por isso que escrever pra você é difícil. Porque a gente precisa encarar a si mesmo antes de olhar pra você.

A real é que a notícia sobre a sua situação me pegou de surpresa. Em algum lugar da nossa cabeça, a gente preserva a imagem de quem marcou a nossa vida pelo impacto que ela causou. Não sei se você assistiu aquele filme “Still Alice” (acho que em português é “Pra Sempre Alice”), mas nele tem uma cena em que a Julianne Moore diz que tem duas formas de estar vivo na vida de alguém: como presença e como lembrança. Maga, você tá tão presente na minha vida como memória que é como se estivesse do lado, do jeito que sempre foi: um trator que primeiro revirou sem pedir licença o solo do que eu pensava que era o meu futuro, pra, depois, passar com a delicadeza do mundo, jogando as sementes do que ele poderia vir a ser.

Essa imagem não bate com o que me descreveram da sua situação agora. Mas, foda-se. Eu vou colocar isso na conta da incompetência descritiva de quem tá tão perto, mas não é Saramago nem Drummond pra te representar à altura. Porque não tem quem me faça acreditar num relato seu que não inclua uma dose deliciosa de autoironia, um pedacinho de sarcasmo sobre algo que fizeram no hospital e pelo menos um comentário desses que você sempre faz sobre quem te circunda, a partir de um detalhe que quase ninguém viu, mas que, no final, faz as pessoas saberem mais sobre si mesmas do que sabiam antes de te ver. Porque você é aguda, Maga. Sempre foi. E eu sei tanto disso que parte da pena de não estar aí nesse momento é estar perdendo o que você teria pra dizer sobre essa experiência toda.

Falar isso me tranquiliza, sabe? Porque eu sei que não tem rojão que diminua o tamanho que você tem. E é sabendo-te assim que também me sei.

A real é que foi sabendo do seu tamanho que eu passei a acreditar no meu, Maga. Se hoje eu acredito em mim, em grandessíssima parte foi porque, primeiro, acreditei em gente como você. É por isso que você está presente em tanta coisa aqui. E eu não estou nem falando de quando eu pude finalmente olhar pro David de Michelangelo pela primeira vez e pensei :“Puta. Que. Pariu. Magali tava certa! Que vontade de morder a bunda dessa estátua, meu deus!”. Eu tô falando de coisa muito maior. Duvida? Vou te contar um pouquinho de como as coisas estão, então.

Maga, eu te escrevo hoje da minha casa em Olinda. Faz pouco tempo que me mudei pra cá. Tenho uma amoreira carregadíssima na varanda e roubo pitanga do vizinho que deixa elas crescendo pra fora do muro. Preparei um cômodo para poder dançar frevo, treinar circo e me alongar, e fiz isso antes mesmo de ter uma mesa pra comer. Eu sempre conto que a minha experiência transformadora com frevo foi num show de Elba, que assisti com Sarah, Milton e Marília, em Recife, com 18 anos, porque é bonito e poético o destrinchar dessa história. Mas você sabe onde foi que eu dei o meu primeiro passo de frevo mesmo? No Oficina in Concert de 2004, quando eu sabia que sobravam 15 segundos de coreografia livre no final da cena e eu fui atrás do meu pai pedindo pra ele me ensinar alguma coisa pra eu usar lá. Você não sabe o poder que isso teve na minha vida depois.

Estou trabalhando numa empresa que faz apostas sobre o futuro da política brasileira, finanças, ciência e mete criptomoedas no meio disso aí. Minha namorada diz que eu virei bicheiro virtual (e ela não está de todo errada), mas é muito mais chique dizer que estou “ajudando a construir um modelo para tornar o futuro mais previsível para os tomadores de decisão, a partir da inteligência coletiva” (PENSE num “sábado” bem escrito hahahahhaha). Cá entre nós, no entanto, eu posso dizer a verdade: é gostoso e paga bem, mas o importante mesmo é que sobra tempo pra dedicar ao que eu realmente amo e que o Oficina me fez deixar de ter problemas em admitir: mover o meu corpo.

Desde que nos vimos pela última vez, realizei alguns sonhos que pareciam absurdos na época do colégio. Você acredita que ano passado eu dancei com Antônio Nóbrega na abertura do carnaval de Recife!?! No meio de tanta coisa que a gente viveu, você nem deve se lembrar de quando eu assisti ao show dele no TCA e, no dia seguinte, resolvi montar o projeto da “Semana da Cultura Popular Nordestina” com o grêmio. Crescer no Oficina era também, em parte, acreditar que a gente tinha potencial pra quase tudo. Outra parte era adolescer no governo Lula, tem isso. Mas a coroa mesmo era crescer sob o testemunho do que a SUA vontade tinha criado ali.

Eu sempre quis ser um pouco como você, Maga. Todo mundo queria. E o que me enche de orgulho aqui é dizer que, depois de um tempão, sendo mais verdadeiro comigo, do jeito que você sempre foi, eu consegui.

Mês que vem eu vou embarcar na maior aventura da minha vida até aqui: a turnê francesa de um espetáculo brasileiro de circo pro qual eu fui convidado enquanto passista de Frevo, com o desafio de investigar o que há de comum entre o Frevo, o circo contemporâneo e o Passinho carioca. Eu não sou pai, Maga. Mas estar nesse projeto é como estar grávido do meu primeiro filho. E se tem um DNA que não tem como esconder desse rebento é o que veio de você pelo Oficina.

Essa coisa de hospital não é conhaque, mas deixa a gente emotivo como o diabo, né? O bom é que a gente usa esse momento pra reafirmar na frente de quem realmente interessa (e não só dos terapeutas da gente) o quanto que faz diferença ter você viva na minha vida. Como sempre foi, com o tamanho que sempre tem, fazendo a diferença que sempre fez, e, espero, em breve, podendo conhecer um pouco do que a sua presença me ajudou a criar.

Estou aqui te esperando, Maga. Seja pra comer umas pitangas roubadas com um bolo de rolo na minha casa, um croissant na França, uma tapioca na Sé ou um acarajé em Dária e Laura, pra conhecer o que você tem criado em Conquista ou pra te mostrar o que você me ajudou a criar. Espero te rever logo e matar a saudade de quem, na verdade, nunca deixou de estar aqui.

Te amo e te aguardo.

De:

Itana Leão

A minha eterna gratidão a esta mulher inspiradora, cheia de bravura, que sempre me acolheu e me atribuiu a responsabilidade de, durante anos, fazer parte dos projetos artísticos mais incríveis que escola pode oferecer. A você, Magali, reverencio de joelhos no chão por tamanho legado que deixa para todos nós. Obrigada por tanto.

De:

Professor Tomas

Magali é minha referência maior de profissional. Poderosa, brilhante, debochada, doce. Fui aluno e colega. A dor é grande. Hoje sou professor de Redação graças a ela. Lembro dela e repito algumas de suas frases em diversas aulas. Alunos que nunca a conheceram já me ouviram falar dela. E vão continuar ouvindo. Que descanse em paz e em poder.

De:

Grêmio Orion

Hoje nos despedimos de uma das mulheres mais humanas, empáticas e determinadas já existentes. Magali Mendes, fundadora e diretora pedagógica do Colégio Oficina, deixa pra gente, além da saudade imensa, um legado que vai atlém do material. Magali nos ensinou que o conhecimento e o aprendizado valem muito mais que qualquer outra coisa. Magali nos ensinou a correr atrás do que queremos, a olhar por nós e pelo próximo. Magali é vida e, por ela, teremos a força de continuar a nossa. Que os ventos da natureza te levem para um lugar de descanso e que a paz se estabeleça sobre seu espírito, Maga. Você nos deixará uma saudade imensurável. Cuide de nós daí de cima. Aqui embaixo, faremos o trabalho de nunca te esquecer. Viva Magali!

De:

Lorena Barros

Tivemos a honra de ser o último 3º ano de Salvador em tê-la como professora, diretora, mentora, conselheira e, sem dúvida nenhuma, amiga. Era assim que todos os alunos passavam a se sentir quando iam para o último ano da escola. 

Aquele mulherão que antes temíamos, passávamos a estranhar em vê-la de uma forma tão descontraída, jamais vista antes. E se engana quem pensa que o respeito e admiração diminuíam. Muito pelo contrário. E não foi diferente com a gente. E é assim que permaneceu até hoje e permanecerá com sua lembrança. 

Obrigada por me ver como uma “menina forte”, lá nos meus 17 anos, palavras usadas por você em 2007, em nossa formatura. 

Você deixa um legado e uma legião de alunos que reuniram forças em meio a tantas turbulências na adolescência, tantas vezes ajudados por você. Obrigada, Magalizona.

Valorizem seus professores e mentores. Aplaudam esse dom!

De:

Yan Enrique

O que falar sobre você, Maga? O que falar ou o que não falar, né? Você é a verdadeira representação de intensidade em tudo que fez e em todas as marcas que deixou para nós. Você é força pra lutar, você é amor pra curar, você é colo pra cuidar. Você é mãe, avó, tia, mulher, professora, diretora. Você sempre acreditou em mim, muitas vezes mais do que eu mesmo… Quando eu estive na pior, depressivo, com meus problemas de ansiedade, com inseguranças e pouca confiança em mim, você me abraçou, você me cuidou, você burlou as regras do cursinho, abrindo uma exceção pra mim e pra me fazer conseguir levantar da cama e viver. O que sinto por você vai muito além do que posso explicar em palavras… Vim de Salvador pra Vitória da Conquista e com isso deixei uma distância de alguns muitos quilômetros de minhas avós, e, para minha surpresa, encontrei em você meu colo de vó nessa cidade. Você foi meu porto seguro por aqui. Obrigado, obrigado e obrigado!

De:

Mariana Belo

Minha prof! Tão intensa e sempre tão viva. Não tem como esquecer quando eu dizia “hoje não estou inspirada pra fazer redação” e prontamente ela respondia: “quem disse que redação é inspiração? É prática! Então vá fazer a sua!”. Que Deus, na sua infinita bondade, te receba com todos os seres de luz e que você siga seu caminho. Brilha, brilha estrelinha.

De:

Carol

Mestre Brisa

Ontem, descansou a grande Maga! Voltou pra pátria espiritual Magali de Jesus Mendes da Silva… 

Pra mim, o que fica é a história de uma mulher à frente de seu tempo, que dividia o banco com as mentes mais célebres no campo da educação baiana e brasileira. No Colégio Oficina, uma de suas grandes invenções/frutos, aprendi que, para educar, é preciso ter coragem, criticidade e criatividade. Era incrível a capacidade transdisciplinar de Magali de dar vida a uma educação crítica, livre, compromissada, lúdica, vibrante e plena de vida.

Mulher, filha e mãe (Maíra, Nara e Bruna), sempre honrou a lição da caridade, abraçando o mundo com seu colo que não tinha tamanho. 

O projeto social Camaradinhas foi tocado por suas mãos, por anos… Levou crianças de realidades duras para dialogar com crianças do/no Colégio Oficina, assim como levou as crianças do Colégio Oficina para conhecerem a realidade das crianças do Projeto Camaradinhas…

Foi a idealizadora da primeira disciplina chamada Capoeira para as séries iniciais do ensino fundamental (2º ciclo), em 2003, após a promulgação da lei 10.639. Uma visionária que dizia que não podia faltar acarajé e Capoeira dentro de cada escola da/na Bahia.

Sensível, sempre GENEROSA, não havia um ser humano que ela não estendesse as mãos e tudo que tivesse ao seu alcance, quando a procurava. E quando íamos agradecer, envergonhava-se dizendo não ter feito nada.

Poderia escrever muito sobre esta grande mulher, mas fico por aqui para nutrir meu sentimento de ATÉ BREVE!

Dona Lívia e Sr. Mário estão, com certeza, felizes da oportunidade de seguirem junto a ti.

Amamos você!

De:

Iara

Ela partiu. Foi embora minha pró, minha cunhada, minha amiga. A dona da palavra, a rainha da generosidade, a grande educadora de tanta gente. Criativa, bela, forte, genial, viveu sem jamais trair seus ideais, seus afetos (e foram tantos), sua decisão de estar no mundo por muitos. Magali, a tia querida dos meus filhos, a irmã de todas as horas, a mãe amorosa e amada, a mulher que nos ensinou a fidelidade como princípio, como forma de amar. Espero ter o privilégio de ainda rever minha amiga querida, de rir e abraçar o que não foi possível aqui. Magali do Oficina, dos belos espetáculos do Oficina in Concert, da resistência, da política como caminho de esperança. Viva Magali de Jesus Mendes da Silva.

De:

Sua sobrinha Aíla

Não consigo olhar pra trás e ver alguma época da minha vida em que você não esteja. Quando era pequena, passei Natais na sua casa, era com você que eu ia e voltava do Colégio São Paulo, o curso de Redação no meu 3° ano que você me deu de presente foi crucial na minha aprovação no Vestibular, foi no Curso e Colégio Oficina que comecei a trabalhar como fiscal de prova nos meus 18 anos e até hoje estou… 

Você sempre me inspirou com suas palavras, você pegava um microfone e sabia me emocionar como ninguém, com as palavras certas e encorajadoras… Você fazia a gente acreditar num novo mundo, porque você acreditava “nos meninos e meninas do Colégio Oficina” e isso sempre me enchia de esperança.

Você sempre foi brilhante!

A falta que vai fazer é imensurável! E o orgulho que estamos sentindo por cada pessoa que você transformou também é gigantesco. Obrigada por ser… obrigada por tanto!

De:

Luzimar Castelhano

Falar de Magali não é coisa muito fácil. A ela toda a minha GRATIDÃO. Com ela aprendi tantas coisas que não tenho como descrever. São inúmeras!

A Magali todo meu amor, carinho e respeito. Você vive e viverá sempre no meu coração

Agradeço a Deus o privilégio de ter convivido com você e com sua família durante esses 14 anos.

De:

Igu Luz

Maga me ensinou, acima de tudo, a levar a felicidade a sério. Hoje, estamos nos despedindo oficialmente dessa mulher que foi um dos meus encontros preferidos no mundo. Eu me sentia honrado quando ela dividia suas ideias para o Oficina In Concert comigo e pedia opiniões. Eu me sentia a pessoa mais interessante do mundo quando discutia com ela sobre Machado, Guimarães, Gal ou BBB (sim, Maga também amava cultura popular). Eu me sentia especial só de sentar ao lado dela com caranguejo e ouvir tudo que ela falava.

Saudade, professora. Da cozinha, das palavras, do abraço encolhido e das prosas. Obrigado por tudo, gênia. Eu nunca vou esquecer você.

De:

Maria Eduarda Porto

Presidente do Grêmio Orion

Certa vez, ouvi dizer que o luto não é só sobre a saudade de quem partiu, mas a nossa inexistência perante àquela pessoa. Aquele toque que não iremos mais receber, a voz que não iremos mais ouvir, as experiências que não poderemos mais compartilhar, as conversas que não iremos mais trocar. Hoje, a ausência de alguém muito importante para nossa instituição e vidas, Magali Mendes, nos traz essa sensação. Talvez de desamparo, tristeza, um certo vazio. Mas, apesar do luto, há duas coisas em nós que não devem ser desperdiçadas: a saudade e a memória. A saudade porque ela nos recorda o quão bom foram os momentos vividos e que, apesar de não ser mais possível revivê-los, ainda valeram a pena. E a memória, porque só ela é capaz de nos proporcionar sentir e viver essas coisas que já foram, de ter lembranças— e é por conta dela que nossa conexão com Magali nunca vai ter um fim. As pessoas só morrem, de fato, quando são esquecidas, e esquecer de uma figura tão imponente, corajosa, batalhadora e trabalhadora como Magali Mendes é uma tarefa impossível. Porque, como Paulo Freire disse, o educador se eterniza em cada ser que educa. Para sempre ela residirá em nossas mentes e em cada canto e corredor dessa escola. O Oficina é Magali e, por ela, ele continuará de pé, assim como nós. O Grêmio Orion se solidariza com a dor dos amigos e familiares e enviamos forças a todos. Magali era luz e, agora, ela brilha ainda mais em outro lugar.

De:

Maíra Mendes

Mãe, uma coisa que aprendi desde de pequena com você foi que dividir é multiplicar. Sim! Contrariando toda a lógica matemática, desde cedo precisei entender que nasci de um ventre genial, generoso e influenciador de ideias e corações. Você, mãe, é patrimônio de todo o mundo!

Se Dodô e Osmar criaram o trio elétrico, que arrasta multidões, você reinventou a educação. Várias vezes! Você arrasta uma legião de fãs, admiradores e filhos. E não é uma princesa meiga não!

Diferente de todos os estereótipos, você é um fenômeno da natureza! Um vulcão eternamente em erupção! Um vulcão de ideias, ideais, coragem, broncas e amor. Ahhhhh, o amor… você é tão amada. Você me orgulha pela força, pela coragem e pela capacidade de voar…mesmo sem asas. Aliás, onde você esconde estas asas? Com você me sinto segura e extremamente amada! Você ama suas filhas com toda a potência que eu já fui capaz de ver. Você tem olhos da alma.

E não dê um microfone na mão desta mulher! Ela é capaz de lhe convencer de que só é impossível se você não foi lá e não fez.

Você é mágica, bruxa e de uma humanidade que nunca vi. Você é puro perdão. Estamos vivendo desafios inimagináveis e dores profundas, mas aprendi com você a ter esperança a acreditar no papel e na responsabilidade que temos com a vida. A nossa felicidade é levada a sério.

Aproveito este Dia do Professor pra agradecer a todos os professores que passaram na minha vida e que me afetaram muito. Professor é afeto. Agradeço também a onda de luz e de amor que estamos recebendo pela sua contribuição na construção de várias vidas. Você merece demais. Você é foda! É uma mãe e uma professora incrível. Eu te amo demais. Magali Lord: vamos pra luta! Pois, como você mesmo diz: quem tem medo de cagar não come! Sigo aqui, na mais genuína e milagrosa esperança e crendo no Universo, em Deus e na Ciência.

Vem, Maga!

De:

Giuliano

Indelével: que não se pode apagar, eliminar. Que é durável, permanente. Que não se pode destruir, suprimir ou fazer desaparecer totalmente. Amor.

Este é um dos significados de Magali… Viveu e deixou sua tinta, sua marca, para além dos que cruzaram seu caminho… Os que nos descendem e descenderão ainda carregarão essa marca por gerações. Aqueles que se tornaram e se tornarão docentes, entregarão aos seus discentes muitos dos ensinamentos desta mulher incrível.

Ou seja, mais do que a imensa maioria dos seres humanos, ela deixa um legado fortíssimo. Legado que transcende o círculo que a cercou… E que permanecerá permeando cada geração seguinte… 

A definição de Magali, seu significado neste mundo, por si só, com certeza, já acalenta o coração de sua família em relação à sua partida… Porque ela não se despedirá… Não desvanecerá… Estará presente e viva no legado que deixa, nos olhos e nas falas de todos… 

O horizonte eterno ganha um ser incrível, uma consciência que jamais passará em branco, nem aqui, nem ali. 

Fica minha singela homenagem a ela…Magali: a indelével…

De:

Marlene Barreto

Ano passado eu liguei para Magali e disse que a minha filha caçula estaria fazendo vestibular em São Paulo e somente ela poderia dar dicas preciosas sobre Português e Redação. Ela, sempre generosa, enviou vários áudios incríveis para Andressa. 

Isso significa que os seus ditos continuaram a reverberar em mim, 36 anos depois que tive o privilégio de ser sua aluna e sua amiga. Também tive a oportunidade de estar em Vitória da Conquista, na sua casa, proseando, dando muitas risadas e, ao me despedir, assim como faço hoje, disse a ela o quanto estava transbordando de amor

De:

Cláudio Enrique

Colégio São Paulo, 1990

Difícil escrever nesse momento, difícil escrever pra quem nos ensinou a tratar com todo carinho as palavras e os textos. Com Magali até aprendi que música não era só ritmo e melodia. Quantas histórias e ensinamentos constatei em cada verso, em cada estrofe. 

Conheci Maga como tia de minha melhor amiga, depois tive um dos grandes prazeres de minha vida…ser seu aluno. Desculpa quem não teve essa oportunidade, mas, sem medo de errar, a melhor professora do mundo. Ela fazia a gente sair das paredes das salas de aula, conhecer o mundo em poucas palavras. 

Confesso que, em minhas primeiras aulas com Magali, cheguei a me assustar. Como essa mulher conseguia acreditar tanto no que fazia? Chegava a cuspir no microfone com tamanha veemência. Logo depois, rapidinho entendi tudo, aprendi tudo e o porquê do tamanho daquele prazer no que ela fazia.

Não é que, por ironia do destino, anos depois entrei pra família dela e entrei com força e sempre com ela de braços abertos. Ela sempre me chamou de “meu príncipe”, mal sabe ela que sempre foi minha rainha, que orgulho tenho dessa mulher.

Maga, eu não tenho como te agradecer, você mudou minha vida desde os primeiros momentos em sala de aula e hoje tenho mais três lindas irmãs que amo muito.

Prepara tudo aí pra gente, aqui vamos nos cuidando, mas, claro, “levando a felicidade a sério”.

Te amo!

De:

Aline

Tive o privilégio de conviver com Magali dentro e fora das salas de aulas. Em ambos os lugares sempre aprendi com ela. Ela, inclusive, conheceu meu marido antes de minha mãe.

Essa semana, ouvindo o novo disco de Caetano, imaginei que ela iria gostar muito.

As broncas dela vinham acompanhadas de um afago, essa era Magali. Deixou marcas muito significativas em seus alunos, ela foi professora de todos aqui em casa e também de meus primos. Em cada um ela deixou uma marca diferente, mas igualmente significativa.

Maíra, Nara e Bruna, a mãe de vocês foi muito importante para quem por ela passou.

Beijos nos corações de vocês.

De:

Dani

Colégio São Paulo e Colégio Oficina

Ela deixou muito dela em mim. Só tenho boas lembranças dos momentos que convivemos, principalmente no Colégio Oficina. Além de pró e inspiração, uma grande líder, amiga e colega. 

Com muito carinho me despeço, agradecendo a ela por todas as oportunidades, confiança e conselhos que marcaram a minha vida.

Meus sinceros sentimentos para toda a família.

De:

Ana Rosa

Ontem minha Tia Magali partiu… foram cinco semanas de meditação, mentalização de cura, emanação de amor diário, trocas intensas com minhas primas-irmãs-caldos de cana Maíra+Nara+Bruna, e um resgate profundo da nossa trajetória.
Trajetória essa que, assim como esses últimos 35 dias, presenteou-nos com os mais diversos sentimentos… e afetou, indiscriminadamente, a quem passou pela montanha russa Magali Lord.
Magali Lord abrigou no seu corpo um olhar de despir qualquer um, uma oratória imponente, que era difícil discordar, e uma coragem que convidava qualquer um a desejar segui-la.
Segui-la foi também uma escolha minha…capricorniana, amante da educação e fiel aos seus princípios, são traços que nos unem. Ela foi/é/será, sem dúvida, um dos mais fortes espelhos pra mim.
A mim, com sua retórica poética, ensinou, antes mesmo de Nietzsche e ou Rolando Toro, o conceito de amor fati e a beleza do contraditório. Incitou muitas certezas e questionamentos. Teve o poder de, no mesmo fio, despertar momentos de prantos e risos.
E, extraordinariamente, ela passou assim pela vida, estimulou que a sua despedida tivesse muito mais cara de festa do que velório… pois a “felicidade a sério” sempre foi a sua ordem. Ordem foi algo que nunca a intimidou. Ela sabia muito bem como desordenar e ordenar num ciclo sem fim… e, com maestria, poesia ia promovendo, o que no fundo todos nós queríamos, o movimento.
Muitos movimentos ela me inspirou… Uma vez ela me contou que no meu primeiro ano no CSP, aos seis aninhos, naquele lugar no mínimo exótico pra mim, ela estava andando pelos corredores da escola e foi surpreendida por um abraço pelas pernas e, quando olhou pra baixo, era eu, imensamente feliz por tê-la encontrado…
Ter te encontrado, Maga, é/foi/será, sem dúvida, um dos mais fortes motivos do meu movimento, que seguirá com o AMOR como principal ingrediente, assim como você colocou no seu caminho e nos deixou de legado. Obrigada por tudo! Te amo! ♥️

De:

Leonardo Kurihara

China, do Imbuí

Bom dia, minha gente. Ainda digerindo a passagem de Magali, mas uma das coisas que não me sai da cabeça era a potência dessa mulher. Ela lia as coisas como poucos… Apostou no Imbuí porque ela via a potência ali. Magali e os campos de barro conectaram gerações que estavam separadas por muros (ps: Negao e Lu Zimbábue também faziam isso com maestria, eram os embaixadores, rs)… Vitor Kauá estava me lembrando aqui das tardes de sábado na casa dela, eu ainda com 16 anos, era música boa, grades de cerveja e resenha intermináveis… Depois de uma tarde dessas, fomos pra estreia de um campeonato de futebol no Oficina. Perdemos o jogo e a cabeça. Éramos 3º ano A e brigamos com os colegas do 3º B. Nessa época já estudávamos na Pituba e foi muito constrangedor toda aquela briga, porque, além de escola ser pequena, sabíamos do carinho que os professores e funcionários tinham por nossa turma do Imbuí e ter que encarar o dia a dia da escola na segunda-feira foi osso… Lembro dela intimando a gente para um encontro, furiosa, pagou umas cervejas, deu aquela bronca, mas, no final, veio uma risadinha e comentário: “mas é bom esses playboys tomarem uma surra de vez em quando!” ❤️

De:

Zilton Rocha

Ainda tive tempo de abraçar Maíra e Narinha na recepção do hospital, ontem, poucas horas antes de Maga se encantar! Bruninha não estava no momento. Me emocionei muito, mas saí aliviado. Elas estavam muito tranquilas e convencidas de que o melhor para sua mãe era partir. Insistir para que permanecesse mais alguns dias naquela situação em que se encontrava seria puro egoísmo. 

A última vez em que nos encontramos foi no Colégio Oficina, em 2019. Me levou nas duas turmas de 3° ano para bater um papo com as meninas e meninos que deixariam o ensino médio no final do ano. Lembrou para as turmas momentos que vivemos juntos nos anos 80 e 90, no SINPRO e nas Campanhas Eleitorais.

Sempre atenta a não perder uma chance de colocar as/os jovens para refletir. Era como Guimarães Rosa, que dizia: “A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas, sim, na travessia”. Assim era Magali!

Inspirava-se na sua profª Maria Helena, do Rio de Janeiro, que veio a dois Congressos do SINPRO, e que, segundo ela, dizia para os estudantes: “Não vou me abaixar para pegar nas mãos de vocês. Cabe a vocês alcançarem as minhas cá no alto!”.

Quem foi aluna/o, ou teve o privilégio de conviver com essa guerreira indômita, sabe o quão ela era inteira em tudo que fazia.

Quando necessário, para defender seus pontos de vista, chegava a ser ferina, dura, de tão contumaz. Logo em seguida, se tornava a criatura mais doce e meiga. 

Vivemos muitos momentos tensos e alegres quando estivemos, ela, eu e toda a Diretoria do SINPRO-BA e toda nossa categoria. Nossos almoços ou jantares após as assembleias ou negociações eram muito divertidos. Procurávamos esquecer, por alguns instantes, todas as tensões. Começávamos sempre com Vilminha dizendo: “Pra não ter confusão, vamos tomar só meia hora de cerveja e o resto todo de saideiras”. 

Nunca vi alguém ter tanta capacidade de separar uma “briga”, num debate, da relação de amizade afetuosa que nutria pelas pessoas que amava ou com quem convivia. 

Pois é, Maga, agora você virou estrela. Claro que estamos abalados, tristes e reflexivos. Um filme de momentos vividos com você passa na cabeça de todo mundo, como passou pela minha agora.

Saiba que muita gente carrega reflexões e formas de ver a vida e o mundo graças a você. Saiba, também, que vamos continuar nos lembrando de você e do poeta quando, denunciando a estupidez, a mediocridade e o extermínio das “gentes” invisibilizadas, disse durante a ditadura (e que vale agora contra o genocídio e o fascismo que nos atormenta):  “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia. Você vai ter que ver a manhã renascer e esbanjar POESIA”.

Você deixou um rastro de luz e, portanto, Maga você estará sempre PRESENTE!

De:

Jorge Alencar

Magali me ligou num sábado de manhã. Só poderia ser urgência. Firme e afetuosa, desejou-me um bom dia e engatou o motivo da ligação dizendo: “O beijo precisa acontecer”.

Enquanto diretora do Colégio onde eu trabalhava, ela tinha me telefonado para sustentar a decisão de realizar o beijo entre dois rapazes na peça que estávamos ensaiando. Ela tinha sido informada, pelo grupo de teatro, que eu estava institucionalmente inseguro em efetivar o beijo previsto no texto de Claudio Simões, “Nada Será Como Antes”.

A dramaturgia pedia o beijo. O grupo reivindicava o beijo. Os dois jovens da cena em questão – na época já maiores de 18 anos – consideravam fundamental o beijo. Magali exigia o beijo. E eu, cujo afeto passava por beijar outros homens, estava em estado de hesitação. É que, para mim, até então, nunca havia sido possível o afeto em forma de beijo entre homens, em uma escola.

No dia da apresentação, o teatro estava cheio. Eu na cabine de luz com Márcio Nonato, meu parceiro de direção na época. Nem conseguimos sentar enquanto assistíamos. Na altura exata da peça, a bateria fez a virada percussiva para que Duda e Pedrinho se beijassem sob aplausos e gritos catárticos. Eu me debulhava. Não só em lágrimas.

Essa história sem precedentes se deu há quase quinze anos. Quando dois homens não tinham sequer beijado na TV aberta. O beijo que acontecia naquele teatro não era urgente apenas ao corpo daquela obra, mas também para mim e para cada homem que ousou beijar outro homem, para cada mulher que ousou beijar outra mulher. Para todo mundo. No final da peça, Magali me tomou pelo braço e nos juntamos aos jovens artistas no palco com orgulho e olho molhado.

Nada seria como antes, Magali, porque sua passagem em nossas vidas fez uma diferença grandiosa.

De:

Juliba

Oi, Maga. Aqui é Juliba. Não só Juliba, mas também falo em nome de Ana Paula e Helena. É difícil pensar, escolher as palavras certas pra te dizer num momento como este. Eu só queria que você soubesse, mais uma vez, o quanto nós somos profundamente agradecidos a você, por tudo que fez. Não somente eu e minha família, mas muitas pessoas têm muito o que te agradecer. Sua trajetória é fantástica, inegável e extremamente apreciável. A gente fica com o coração apertado, sentindo muito sua falta, mas o que realmente desejamos, agora, é que você, como sempre quisemos, esteja bem. Que esteja segura. A gente vai ficar aqui, a gente se ama, a gente se cuida uns aos outros, estamos unidos ainda mais neste momento difícil. Eu quero que você fique tranquila quanto a nós que vamos ficar aqui. Vá descansada. Se for pra você ir, que faça uma passagem maravilhosa e tranquila. Se for de voltar, por favor volte pra gente. Porque a gente te ama muito, a gente quer muito curtir ainda sua presença, conversar com você, aproveitar da sua inteligência e de tanta coisa que você tem pra oferecer pra gente. Mas, se for pra você ir, quero que saiba que te amamos muito. Vamos ficar bem. Vamos chorar sim, vamos sentir muito a sua falta, mas vamos ficar bem. Porque a gente aprendeu com você, nessa família sua que você construiu com essas filhas lindas, “a felicidade é levada a sério”. Eu sou um filho seu, um chegado da sua família, um aluno seu e tantos outros adjetivos pra descrever o quanto me sinto próximo de você e de sua família. Obrigado por tudo, por esta vida maravilhosa, por esta passagem linda. Você é uma mulher de uma obra pronta, acabada. Não se preocupe, seu legado é imenso e só temos que aplaudir a sua passagem aqui. Estamos do outro lado do Oceano Atlântico, fisicamente longe, mas temos mentalizado e pensado muito em você. Vá em paz, vá tranquila.

De:

Badaró

Não conheci Magali no CSP, quero dizer, não a conheci pessoalmente, conheci Luiza (nas visitas forçadamente frequentes à coordenação). O que se assemelha a conhecer tantas histórias de Magali, que essa mulher-entidade se fazia presente na minha educação, na minha formação política, sem ao menos eu conhecê-la. Anos depois, continuei ouvindo suas histórias ao entrar pro Grêmio, por sorte, em dado momento cruzei com a equipe do Oficina e pude ligar o mito à mulher. Preciso dizer que o mito não se equipara, nem de longe!

Magali vive em Luizas, Jorges, Flávias… mas também em nós que somos crias de suas crias. 

Que seja recebida no Orun. Nós aqui seguiremos a honrá-la sem nos submeter a barbáries, lutando pelo justo e belo da vida.

De:

Gláucia Portela

Coordenadora do Colégio Oficina-VCA

Querida Maga,

Talvez a gente não seja mesmo capaz de compreender as grandezas, quando estamos diante delas. São tantas as disputas e as labutas que a gente esquece de fazer as pausas de contemplação. Pensei nisso quando li as homenagens à sua memória, nos primeiros instantes de sua anunciada partida. Curioso é que você não fazia esforço para agradar, justamente pelo propósito que deu ao seu viver, pelas causas importantes que te interessaram, pela preocupação em formar uma categoria de professores que tivesse coragem para ensinar e uma juventude que se fizesse sinônimo de transformação. Por levar a felicidade a sério, você sabia que a distração seria perigosa, que o mundo engana com recados atraentes, que pessoas contêm humanidade, então você prometeu ser estrada e agora vemos o tamanho do território que ajudou a configurar. Não estou certa se você sabia medir o tamanho de sua importância e o tanto de amor que era capaz de reunir…

Estou imaginando, há dias, se você encontrará meu pai por aí. Pensei nele te recebendo com um sorriso e com a gratidão que só mesmo os pais podem ter. No meu transe, ele te convidará para uma conversa e você, desconfiada ainda, aceitará. Em duas horas, serão amigos na eternidade. Então Gilberto Braga se aproxima e, feliz, constata que poderá escrever a próxima novela contigo. Quem te espia de longe? Todos os que tiveram vez através da tua voz de professora potente, mulher destemida, cidadã de esperanças concretas. É isso, Maga, o céu, em festa, veste tuas cores para que você se sinta em casa e constata, em euforia, que “Alexandria” vive!

Daqui, sigo lembrando de como nosso encontro nessa vida me enriqueceu. Foi um amor construído com as durezas do viver. Não é fácil e nem leve fazer o que fizemos juntas, mas estou certa de que nossa parceria ajudou “transformando velhas formas de pensar” e, enquanto eu atendia ao seu apelo “me diga o que preciso ouvir”, você ia me “ensinando o que ainda não sei”. Eu preciso me sentir incompleta para seguir bebendo na tua fonte de sabedoria, minha querida mestra.

Quem sempre denunciou os limites de um olhar, provoca, com a sua partida, dificuldades em meu dizer. Logo eu, que fui carinhosamente apelidada “Pero Vaz de Caminha”, estou há dias pescando palavras nesse enlutado rio… Porque é muito triste não ter você; porque não consigo parar de chorar e porque você é uma “encantada”! Então, decidi fazer um vatapá e uma frigideira de atum. Em nossa última conversa sobre 

amenidades, você me pediu estas receitas e disse que, ao melhorar, provaria “as comidinhas da Gal”. É desse jeito que seguirei, dando vida ao que prometemos juntas. Ainda estou processando sobre um mundo sem a sua genialidade, mas esteja certa de que, nas minhas decisões sobre o viver, seus ideais para a educação permanecem movendo as nossas esperanças.

De:

Maísa

Lembra quando você me ensinou a parar de “miar”?! Disse-me que no profissional não existe mágoa; que a gente discorda e só para de argumentar quando uma convence a outra, e, depois disso, seja qual for o desgaste, a gente tem uma cerveja pra tomar, uma piada pra fazer e uma nova ideia pra botar em prática… Lembra que a gente não sabia usar o interfone em nossas salas, separadas por 4m de distância, gastamos aquele chão de lá pra cá, porque a gente precisava ocupar o mesmo espaço pra se entender, até dividimos sua cama com Yoko dormindo na minha cabeça?… Você me ensinou o ENFRENTAMENTO com aquela sua pérola “quem tem medo de cagar não come”, mas também a recuar estrategicamente já que “quem tem cu, tem medo”… você que me entregava “seu lojinha” com toda confiança e me enchia o saco pra eu “patentear essa merda!” quando “tomava uma assinatura”.

…Jamais esquecerei a primeira vez q te vi, com uma entrada furacão porta adentro, como uma Mrs. Dolloway soteropolitana, encantada por ter ido comprar suas próprias “panelas” no comércio conquistense e aquela era a pauta mais importante do dia… Desde então, foram tantos “filosofar em alemão”… você me apresentou a uma das minhas grandes paixões – Guimarães Rosa –, eu, admirada com sua inteligência sem fim, te perguntei por que você não seguiu numa carreira acadêmica, você era um gênio! E você me respondeu: “porque eu gosto de gente”. E sua vida foi uma expressão dessa sua máxima… Brigamos, tantas vezes que nem consigo contar… e doía porque, no final do dia, só nos afeta quem é importante pra gente… em tempo, consegui te dizer o quanto eu te amava e te admirava e acho que você sabia dessa verdade… 

…Tem tanta coisa minha agora que é sua, misturada aqui dentro, como tatuagem na memória que nunca mais poderá ser arrancada de mim, e isso me torna tanto melhor do que eu era antes de você… Um dia você me procurou e eu já tinha ido embora e como ignorávamos o fato de “Gram Bell já ter inventado o telefone”, você esperou o dia seguinte para nos VERMOS e instituiu uma de suas tantas regras malucas: “é proibido ir embora sem dizer tchau” e foi assim desde então, até que você quebrou sua própria regra, por uma força que foi maior que sua vontade, e eu fiquei aqui sem seu tchau e com essa vontade enorme de que, em um outro universo, talvez, ainda existam outros “guetos” em que a gente possa “dar a volta” e sorrir e chorar, como sempre foram todos os nossos encontros – esse misto de emoções que a gente nem sabe dar nome…

De:

Cainã

É sempre muito difícil perder um amigo, alguém que desde o primeiro encontro, com poucos olhares e nas primeiras frases trocadas, você já se reconhece amigo. 

Não tive a oportunidade de ter sido aluno em época escolar e tenho certeza que teria sido maravilhoso e transformador como foi na vida de milhares de pessoas. Esses dias, na companhia de suas filhas e familiares, tive a oportunidade de acompanhar um pouco da quantidade infinita de mensagens e histórias da legião de admiradores que Maga deixou. 

E, como tudo acontece no tempo que deve acontecer, apesar de não ter sido aluno dentro da sala de aula, fui aluno em nossos tantos encontros, na cozinha de sua casa, na sala de sua casa. Um dos lugares mais acolhedores e amorosos que já encontrei. 

Lendo um texto de uma aluna, vi que ela dizia o quanto tinha orgulho de ter se tornado uma de suas favoritas e perceber que existiam muitos e muitos favoritos. Eu me senti favorito também e é assim mesmo: coração muito grande, sabe? Quando uma pessoa tão sábia e especial consegue fazer você, eu e quem tiver ao seu redor se sentir especial também, você vive uma felicidade única. 

Hoje, apesar dessa tristeza, fica também a felicidade única que você me proporcionou. Fica o aprendizado, a poesia, a arte.

Fica a inspiração em tentar ser melhor e fazer melhor para honrar esse presente que você foi em nossas vidas. Em minha vida. Que honra, meu Deus! Que gratidão!

Descanse em paz. Um dia a gente se encontra no lugar onde há tempo para todas as coisas.

De:

Pedro Massinha

Eu já ouvia falar muito dela, o seu nome é referência de educação na Bahia, Salvador reverencia a sua inteligência e a capacidade de transmitir os seus conhecimentos. Todos fazem questão de dizer: “foi minha professora de redação”.

Vitória da Conquista reagiu muito bem quando há treze anos foi implantado o Colégio Oficina aqui no badalada mapa da Avenida Olívia Flores. Claro que houve pessoas que reagiram, não insurgiram, manifestaram seu ceticismo quanto ao modelo de educação que estava sendo implantado na cidade: revolucionário, no qual os alunos são partícipes da rotina diária da escola, onde direção e professores os veem como protagonistas das ações, dos projetos, e não como simples participantes, coadjuvantes.

Magali é uma estrela que não quis brilhar sozinha, ela conseguiu formar uma equipe de alto nível que não obstante a sua ausência física, o Oficina não sofrerá processo de continuidade, porque o time formado por Magali é muito bom, e aí está o segredo do sucesso desse conceito de educação que veio para conquistar jovens e os pais também.

A partida de Magali deixa um imenso vazio no meio da educação. Conquista perde uma ilustre figura humana. Os seus colegas, os alunos, todos sentirão muita falta dessa mulher corajosa, destemida, que não arredou pé dos seus princípios para conseguir a liderança inquestionável do Oficina frente as excelentes escolas da nossa cidade.

“Massa, ela não quis velório, sempre disse aos seus próximos que não gostaria do ritual fúnebre, e o seu corpo será transladado para Salvador onde será cremado, restrito aos familiares”, me disse Marquinho, o Marcus Vinícius, grande parceiro de Magali no Colégio Oficina.

Todos nós estamos órfãos, tristes não, contenham as lágrimas. Mais que a saudade, Maga deixou um legado de coisas boas a ser seguido por todos nós.

Magali Mendes, aos 70 anos, nos deixou e “nem se despediu de mim”!

De:

Elvarlinda Jardim

Presidente da Academia Conquistense de Letras

Hoje, Vitória da Conquista perde mais uma Mulher de grandeza estrelar: a professora Magali Mendes.

A Academia Conquistense de Letras, em nome dos acadêmicos e acadêmicas, manifesta sentimentos de pesar pelo falecimento da professora Magali, diretora pedagógica do Colégio Oficina de Vitória da Conquista.

Uma das grandes idealizadoras do Colégio Oficina, onde dedicou, profissional e afetivamente, grande parte da sua vida, foi chamada nesta tarde, de volta à Pátria Espiritual.

Sua partida, como não poderia deixar de ser, deixa triste o coração dos seus familiares, alunos, amigos e admiradores.

Todas as homenagens prestadas a essa Mulher não serão suficientes para mostrar a grandeza e importância do seu trabalho junto aos alunos, pais e comunidade escolar do Colégio Oficina, que traz em si a marca da seriedade, do respeito e do amor pela Educação.

Para ela, “a educação é o único instrumento de intervenção e transformação do mundo”. Prova disso é a sua contribuição no desenvolvimento educacional, que não se limita a Vitória da Conquista.

Com certeza foi uma grande perda para a educação, para Vitória da Conquista, para a Bahia, mas o seu legado fica registrado como patrimônio histórico cultural e educacional.

De:

Flavia Azevedo

Artigo publicado no Correio24horas

Magali Mendes: pra fora e acima da manada

Doutrinadora, sim, no melhor sentido da palavra, não do jeito que anda nas piores bocas da atualidade

(Tentei, mas há pessoas sobre as quais não se pode falar sem autorreferência. Precisamente, aquelas que são definitivas na formação de outras pessoas. Mais do que ficar no afeto e nas lembranças, grandes educadores/as permanecem na estrutura de quem teve a sorte de ser aluno/a, extrapolando uma matéria específica. Então, desculpe que também seja sobre mim, um texto que é para ela.) 

A Flavia de 15/16 anos andava, numa escola baiana de “elite”, de camiseta branca e sem sutiã. Também não penteava os cabelos longos e cacheados. Usava calças muito folgadas e sapatos estranhos. Namorava muito e não escondia isso de ninguém. Além de tudo, bebia e fumava. Um dia, estava triste na aula, que o rapaz com quem ficava – e por quem achava estar apaixonada – não “assumia a relação”, aparentemente porque ela era muito “fora do padrão”.

A incomum melancolia da aluna chamou a atenção da professora de redação que quis saber o que se passava. Aluna de olhos marejados, história contada, a professora só disse: “ele não vai segurar na sua mão, nenhum homem segura em nossas mãos, somos nós que seguramos nas deles, aprenda logo isso e, se quiser, vá lá resolver”, olhando nos olhos da aluna e logo se levantando da cadeira lembrando que as duas tinham mais o que fazer do que perder tempo com comportamento corriqueiro de projeto de homem padrão. 

Mesmo que, hoje, eu já tenha cansado um pouco desse “protagonismo” (e, mais ainda, do tipo “homem padrão”), na época eu fui lá, resolvi a parada e me senti mais poderosa do que a Mulher-Maravilha. Rá! Eu podia dar as cartas, se quisesse. Perdi as contas das tantas vezes em que, depois dessa conversa com minha professora, eu disse “quero você” a quem  desejei, sem timidez alguma. Ao longo da vida, fui entendendo, também, que essa é só uma das possibilidades de interpretação daquela frase que ecoa em mim até hoje, sempre verdade aplicável a diversas situações nas interações românticas entre homem e mulher. 

Magali Mendes é o nome da pessoa que me deu essa lição e tantas outras, durante o tempo em que foi minha professora. Foi ela, por exemplo, que me apresentou ao meu próprio racismo, aquele que vem de berço e eu negava com veemência, ignorante utilíssima da minha hipocrisia. Fui desmascarada, morri de vergonha, mas também cresci e pude me colocar – não apenas achar que estava – no lado bom da força. Naquela época, ainda não se falava em  “antirracismo”, mas já se praticava, saiba. 

(Aquilo que ela fazia era guerrilha, ocupação, qualquer coisa menos apenas ensinar a jovens de classe média e média/alta como interpretar e escrever textos pro vestibular.) 

Magali também ensinava luta de classes, tanto quanto qualquer bom professor/a de História, ao explicar, detalhadamente, os motivos das tantas greves de professores/as, as decisões e posturas de um sindicato efervescente. Tudo perfeitamente contextualizado, diante de uma sala onde quase todos/as eram “filhos de patrões”, ainda que houvesse uma variedade de posições financeiras. Eu estava ali por um importante esforço dos meus pais (e havia colegas na mesma situação, além de filhos/as de professores/as), mas dividia a sala com herdeiros de grandes empreiteiras, sobrenomes políticos importantes ou apenas ricos anônimos e nenhum uniforme os “uniformizava”. Mas ela, sim. Ao conseguir a empatia daquele lote de adolescentes, ela fazia mais por nós do que pelo movimento da categoria.  

(Doutrinadora, sim, no melhor sentido da palavra, não do jeito que anda nas piores bocas da atualidade.) 

Era grande como o quê aquilo que Magali nos trazia na voz firme, na bibliografia indicada, nos retornos do que escrevíamos, nas provocações para as quais não perdia oportunidade. Também nas páginas mimeografadas e no toca-fitas prateado que dizia, lá de dentro, Cazuzas, Caetanos e um monte de outras coisas de seduzir ensinando gente a pensar. Nós todos/as com a letra da música em mãos, audição encerrada, e aí “você entendeu o quê da primeira estrofe?”, Magali perguntava chiando nos “s”, mas não só da carioquice de origem. Era ela falando em magalilês, aquela língua de pessoa inteligente que me deixava vidrada como em raras, raríssimas aulas. Tudo tinha profundidade.

As aulas de Magali eram lugar de expandir, de olhar para todas as coisas, de despertar consciência crítica. Eram treinos pra deixar a cabeça esperta, pra entender o que o outro quis dizer, pra aprender a dizer o que queríamos, com cada palavra em seu lugar. Aquilo era veneno antimediocridade em doses cavalares, era provocação de olhares incomuns. É claro que havia muita técnica ali, mas eu só via generosidade, o mundo se abrindo na minha frente, como se já estivesse transportada para novaiorques, sevilhas, londres, festivais, trens, palcos, livros, trânsitos e todos os lugares, liberdades e insubordinações que eu só conheceria depois, mas já se anunciavam, desejo, em mim. Aquela professora era, entre tantas coisas, também minha viagem pro futuro, cenoura na frente do meu nariz. 

Magali tinha o hábito de ler as melhores redações de uma turma, em outras turmas. Um dia, a notícia chegou pelo corredor: foi a minha vez. Então, ela achava que eu escrevia bem? Ca-ra-lho!!! Melhor do que publicar no The New York Times. Na minha cabeça, passei a fazer parte de uma casta especial: a das pessoas que escreviam redações usadas como exemplo por Magali Mendes. Uma imensa responsabilidade, achei, capricho redobrado nas próximas e samba na cara da sociedade mundial que só não foi maior do que no dia em que ela me deu Vaca Profana, a música, de presente. Luxo, poder e glória. Guardo isso comigo até hoje e escutar essa música é um acessar de memórias recorrente, quando preciso me refazer. 

Magali me fazia sentir especial. O que podia ser mais forte do que a aprovação da professora mais foda do colégio que eu achava melhor do mundo? Ela me legitimava, me arrumava por dentro, me ensinava que havia algo de muito sério a ser feito aqui. Passei um tempo acreditando que eu era das cinco pessoas preferidas dela, mas esse número foi crescendo e de repente entendi que eram dezenas de preferidos, centenas e talvez sejam milhares. O que não me faria sentir suficientemente “querida” aos 15/16 anos e, talvez por isso, ela me deixasse acreditar que eu ocupava um lugar muito privilegiado nos afetos dela. Porque, né? Aquele eguinho recém-nascido, aquele pobre ser em formação, tava precisando e ela sabia, claro. 

Agora, a consciência de que talvez sejamos milhares, me conforta. Pode ser que a gente seja uma tribo, sei lá. Me sinto acompanhada. Também quitada, nessa despedida, porque disse a ela, em vida, o que precisava dizer. Eu já não encontrava Magali há muito tempo, mas não foram poucos os “Magaaaaaaa” que gritei, nas últimas décadas, ao vê-la em algum lugar aleatório, antes de um abraço. A minha idade adulta nos trouxe amigos e situações em comum, mas eu nunca me acostumei a vê-la como uma igual, ali num encontro ou numa mesa de bar. Toda vez eu ficava olhando e lembrando do quanto ela me acolheu e estruturou. Não viramos amigas íntimas, não nos frequentamos, não nos adicionamos nas redes sociais. Não foi o caso. Não precisou. 

Acabo de receber a notícia de que, depois de uma amorosa despedida, cercada de respeito, amparo e das melhores energias de muita gente, Magali foi embora. Esta redação, portanto, é uma tentativa de homenagem. Que não estará à altura da homenageada, certamente, mas contém um tanto de coisas – na forma e no conteúdo – que aprendi com ela. Também é o meu beijo, meu abraço na galera que fica e nas três lindas mulheres de sorte que conheci meninas e são filhas dela. Tomara que você goste um pouquinho, Maga, e que tenha partido daqui com a noção exata da sua grandeza.Termino de escrever numa tarde ensolarada de sábado, escutando Vaca Profana na voz de Gal. Na minha cabeça, o sentido da expressão “a gente só dá o que tem”. Eu sempre soube que o “meu presente” dizia menos de mim e muito mais de você. Voa! 

(Pra fora e acima da manada.) 

De:

Enoch Junior

Queridos ex-alunos e colegas, hoje bons e solidários amigos. Lembro muito bem da chegada de Magali ao Colégio Dois de Julho, pois foi um tempo de novidades, alegria, amizades sem preconceitos, várias novas atividades e inovações, o teatro, os esportes com Bruno, a quem chamo de irmão (está muito claro nas minhas recordações, pois, além de tudo me tornei atleta, principalmente de vôlei, em que tivemos a oportunidade de ganhar muitos campeonatos e viajar a vários cantos). Para mim, menos o teatro, tamanha era a timidez, apesar da competência de Magali, mas grande expectador e incluindo gincana e várias outras atividades, criadas por eles, na maior parte de extra-classe. Mas não posso esquecer também dos grandes mestres que começavam a se formar e, entre tantos talentos, eles eram muito jovens e competentes, se destacando já no meio de professores renomados. Costumo dizer que nunca vi professores como Cleydir ou mesmo Magali serem tão respeitados como poucos, na hora de dar uma bronca em sala. O silêncio era total, com todo respeito, no tom, na verbalização, e todo palavreado, sem perder a compostura ou troca de insultos. Com saudades dos bons tempos, Magali brevemente estará curada e serena com as orações de todos nós e poderemos lembrar muitas e muitas outras histórias. Que Deus a acompanhe e proteja, segundo sua vontade. Um beijo carinhoso e um grande abraço.

De:

Erica Saraiva

Magali foi muito importante na minha educação, no desenvolvimento do meu senso crítico, um dos diferenciais do CSP antes de ser vendido pro Anchieta. Graças a ela, aprendi a me impor diante de pessoas – e até amigos que se aproveitavam de minha boa vontade nas relações- a me valorizar, a dizer o que penso e a ouvir também, a ser ousada e a não ter medo de me expor, inclusive ao ridículo, entendendo isso como algo positivo no meu processo de evolução para me tornar uma pessoa melhor e mais preparada pra a vida como ela é. Devo muito a ela. Mulher da porra.

De:

Fernanda Tapioca

Primeira aula da minha vida, no primeiro ano, ela entrou calada, sentou na mesa, abriu a caderneta e começou a chamada. Um colega (Hamilton Agle) comentou “ela é carioooooca!” e a nega ouviu. Parou a chamada e haja esculacho!!! Rsrs

De:

Guilherme Mauruto

“Magalizona, uma vez no cursinho Oficina, o pioneiro, foi buscar a gente no bar que tinha em frente para assistir aula, sentou-se conosco na mesa, pediu uma cerveja e deu uma pagação daquelas. Milagres acontecem!”

De:

Ana Klaudia

CSP

Não conheço as filhas dela, mas com certeza foram criadas com o pé no chão, com a cabeça pensando e com muito amor no coração. Com toda a lucidez que Magali sempre teve. Quanta força num momento de tanta dor. Salve Magali!

De:

José

CSP

Certa feita, ganhei de presente um disco de Caetano com dedicatória e tudo. Ela se divertia quando eu dizia que Caetano era bicha , kkkkkk , aí ela me deu o disco. Em sucessivas mudanças, acabei perdendo o disco. Deve estar guardado com minhas irmãs.

De:

José

CSP

Caí em recuperação, no primeiro dia ela me disse que o conselho queria me aprovar e ela concordava. Só que, como me achava divertido, resolveu me deixar na recuperação, já que eu poderia ser uma ótima e divertida companhia. Afinal, ela também não queria dar aula de recuperação em plenas férias. Muito espirituosa kkkkkkkk .

De:

Marta Dias

Magali é uma pessoa que teve muita importância, em diversos momentos da minha vida. Mesmo antes de ser minha professora e muito tempo depois, já na minha caminhada profissional.

Suas gincanas estão entre os pontos fortes da minha formação. 

Sempre que participo de alguma conversa sobre avaliação escolar, cito sua conduta como exemplo. Seu gabarito só era definido após correção em sala. Ela sempre ouvia as nossas interpretações e não era incomum, após conversa, considerar mais de um item correto, numa mesma questão.

Só levei uma “escrachada” dela, o que reconheci, na hora, que ela estava coberta de razão. A partir daí, fiquei mais atenta aos preconceitos que entram pelos poros, mas podem ser descartados, com uma dose de sensatez! 

Alguns (muitos) professores foram importantes no ajuste do meu norte. Mirei-me nos melhores para construir a professora que me tornei. Ela, certamente, tem lugar cativo nessa jornada!

Só a agradecer!! Que o tempo traga o que for melhor para ela! Que honremos o seu legado!!

De:

Maria Dulce Baleeiro

Uma das referências em minha formação. Marcante. Inesquecível. Que força! Obrigada pelo seu compromisso com a educação, Magali. Siga em paz.

Não quero falar da importância do profissional de educação. Quero falar apenas de Magali. Minha professora no Colégio São Paulo, minha Mestra, minha amiga. Merece muito mais que minha homenagem. Ela merece meu carinho, minha gratidão e meu pedido ao gestor do Universo para que faça o melhor por ela. As lembranças são inúmeras! O carinho é imenso! A gratidão será eterna.
Um beijo, minha querida! Ainda sou capaz de ouvir a sua voz com total clareza.

De:

Pedro Fonseca

Peu, minha mãe ouviu na rádio que Magali não tá bem, me disse Clara, amiga dos tempos do Oficina. Temos que ir preparando o coração para nos despedir da nossa amiga, ouvi de Cris. Soube que está se despedindo, escreveu Fredie, contando uma história que eu também ouvi dela mais de uma vez. 

Magali adora os amigos, adora falar dos amigos e com os amigos. Memoráveis farras no apartamento do Imbuí e depois na Pituba. A casa de Magali foi de seus amigos também. Sei que sua casa em Vitória da Conquista estava aberta para mim, como a minha sempre esteve para ela. Disse-me que vinha a São Paulo depois do Carnaval. O Carnaval passou, o ano passou, o tempo passou e não nos vimos. 

Magali deu as melhores aulas de escrita e leitura que tive. Fez da sala de aula um palco maravilhoso. Crescia nele, e também o deixava maior, um pouco Bethânia. Váries de nós, apaixonades, levaremos as aulas de Magali para sempre no pensamento, coração, no jeito de viver em sociedade. Levaremos com a gente os livros que Magali leu, os filmes que viu, os amores que ela viveu, as lutas que lutou bravamente. 

Magali fez política a vida toda, o tempo inteiro. Honrou cada lugar que ocupou, e não foram poucos. Uma mistura inesquecível de amor, humor, compromisso, generosidade, doçura, inteligência, charme e mais. 

Tô escrevendo pra ver se pára de doer, queria mesmo era te dar um abraço e ver seu sorriso e seu olhar, que não quero esquecer. Te amo e te levo comigo, Maga. Com a responsabilidade que isso implica.

De:

Alessandro Marimpietri

Magali tem, teve e terá sempre importância capital no que sou e deixa marcas indeléveis em gerações. Por óbvio, em toda uma geração de alunos no curso de sua longa e brilhante trajetória docente. Mas, para além disso, ela marca, com sua palavra forte, seu humor cáustico e sua presença imensa, várias e várias gerações de pessoas cuja formação está a cargo dessa mesma geração da qual faço parte. Ter sido seu aluno e depois seu amigo afeta diretamente todos os meus alunos, todos meus amigos, meu filho e todos aqueles que essas pessoas todas encontrarem nos descaminhos da vida. Magali reverbera infinita em tudo o que somos e em tudo que podemos ser. Sua relevância simbólica escapole dos parâmetros. Seu existir transborda em todos nós. Seu nome rima com potência, sonho, força, afeto desmedido e inteligência refinada. Mas há também dores, amores, dúvidas, tempo e intensidade nos rastros dos seus passos. Grande mulher. Nas brigas ou nos abraços não há como passar incólume por sua presença, mesmo para aqueles que nunca a viram. Meu filho de nove anos não sabe, mas há nele, em sua formação, a letra viva dessa senhora que professorou sempre e bem muito. “Resplandece nítida e real”, sem fim!

De:

Luiza Helena

Ex-aluna do CSP, turma de 1990

O último contato que tive com Magali foi em março. Num áudio que ela enviou com palavras muito, muito queridas sobre mim, após um vídeo que gravei na pandemia.

Queria ter agradecido pessoalmente. Agradecer pelas palavras e também por tudo que ela representou e representa pra mim, pra meus irmãos e meus primos. Somos uma família de muita sorte!

Queria ter dito isso a ela. Queria ter lhe dado um grande abraço.

Maga querida, você é muito, muito especial!

De:

Ana Carolina Oliveira dos Santos

Aluna Oficina 1996-1998

Oi Maga.

Estava aqui lembrando da cultura africana bantu e o conceitos dos tempos Zamani, que representa passado (de uma forma bem mais complexa do que a gente conhece) e Sassa, que representa o presente. Não tem palavra para futuro porque o futuro já é agora. E, nessa cultura, uma pessoa que fez a passagem do corpo físico continua presente. Ela só some em definitivo desse plano quando absolutamente mais ninguém do plano presente lembre dela ou emite seu nome. E, no seu caso, né Maga, você não vai embora tão cedo, porque gente lembrando de você e rindo pra caramba é que não vai faltar por muito, muito tempo. Eu mesma lembro mais de você do que eu te ligo (o que é uma falta grave da minha parte), mas você é como Marielle, sempre presente.

Apesar de triste, estava aqui lembrando de você e comecei a sorrir, depois comecei a gargalhar. Primeiro imaginei você chegando no Orum (ou seja lá qual lugar novo que a gente também pode frequentar depois que faz a passagem) e só vejo você chegando, abrindo a porta firme e falando alto pra todo mundo ouvir alguma coisa muito séria, mas de forma tão engraçadamente irônica que eu nunca sabia se eu podia rir ou não da situação. Algo do tipo: “O que é que está acontecendo aqui nesse plano?! Estava eu lá na minha outra existência resolvendo um monte de coisa e recebo a ligação que eu tinha que vir pra cá urgente… pois eu acho muito bom que vocês tenham um bom motivo para eu ter que vir pra cá urgente… porque se for só questão de ego, trate da terapia; se for uma questão de carência emocional, trate do Tinder; se for uma questão de literatura, busque no Google; se for que questão de matemática, busque o Lúcio. Então, eu espero que seja uma questão urgente mesmo. Se não for urgente, vocês são loucos de me chamarem aqui né? E quando eu digo louco, significa que simultaneamente você tem que estar rasgando dinheiro e comendo côcô. E tem que ser os dois de vez, porque se for só rasgando dinheiro, você talvez seja esnobe, se for só comendo côcô, talvez você tenha um gosto exótico, [kkkkk] mas pra ser louco tem que ser os dois na mesma hora, rasgar dinheiro e comer côcô. Então, quem é o responsável por eu estar aqui agora? E espero mesmo que não seja a mesma pessoa que soltou o cordão cheiroso na aula de Carrilho, em 1997”.

Ai, Maga…kkk!! E tô pensando que lá, no outro plano, o pessoal vai ficar de cara quando você chegar resolvendo um monte de coisa de vez, dizendo que quer falar logo com quem acha que manda ali. E, talvez, você descubra que é um de nós, seus eternos alunos, que manda ali e aí é que vai ficar mais engraçado você dizendo: “Ah, Fulano de Tal, você, então, que acha que manda aqui. Só podia ser você. No Oficina in Concert você já fazia isso, não podia ser diferente”.  Isso vai ser muito engraçado….rsss!!!

Também fiquei imaginando, sobre a situação de você sedada. E só consigo pensar que ninguém nunca te derrubou se não tivesse um bom argumento. E pensei: Magali é muito esperta, ela não está ali à toa. Ela já sabe alguma coisa que a gente não sabe. Ela já acessou alguma informação de que no outro plano é bem melhor, ou ela já fez isso tudo pensando que seria a melhor maneira de deixar essa bagunça desse mundo aqui, porque tá difícil, né? 

Ou ainda imagino que você se retou e decidiu descansar e agora você está é de férias aí deitada, porque esse plano ficou muito pequeno e monótono pra você e você está descansando pra dominar o próximo. Ou, ao contrário do que todo mundo pensa, não é a Dona Morte que virá pegar você, mas você que bateu lá na sala dela e disse: “Oh minha filha! Ou seu computador tá com problema ou você está de brincadeira que vai continuar me mantendo aqui por mais um ano. Eu já te passei todos os argumentos que já tenho que sair desse plano. Você precisa de quê? Que eu desenhe pra você?! ” kkkk. E, obviamente, como sempre, você ganhou no argumento e tá usufruindo do Caminho de viajar pra onde você decidiu. 

Tenho certeza que todo mundo aqui tem outras mil memórias e que, como acontece comigo em vários momentos, essas memórias vêm e me inspiram. Então, apesar de ser difícil a gente se encontrar no plano físico, no planos das energias da memória você continua presente. Quando souber seu número novo no novo plano, se der, manda pra gente. Daqui a pouco a gente se vê pra tomar uma, Maga.

De:

Cintia Matos

Só lembro de Magali como uma mulher forte, cheias de ideias inovadoras, de um discurso firme, seguro e objetivo, de um coração acolhedor… nunca fui tão íntima mas sempre me senti acolhida e bem recebida… aconchegada!

Oportunidade de dividir um dia na semana com essa Fiona cheia de experiências de vida… Ela nem sabe e nunca pude dizer que foi quem me fez abrir os olhos para o autismo… para desembaralhar meu coração… a experiência de vida dela mudaria minha vida!!!!

Um prazer enorme ter uma foto de mãos dadas com esse exemplo de mulher em um momento tão especial pra mim…

Um prazer dizer que no primeiro dia de pós-casamento… foi na casa de Magali que os meus foram gargalhar as resenhas… 

Mãe da amiga de minha irmã, tia da minha amiga, mãe de amiga, vizinha, professora, exemplo de mulher… 

Minha pequena homenagem a Magali… 

Que Deus a receba e conforte o coração de vocês!! Sintam-se abraçadas!!!

De:

Patrícia Ferraz

A ela toda gratidão por esses quase 15 anos de convivência. Foram muitos aprendizados… muitos conselhos muitas confidências… Muuuuitas brigas também. Duas personalidades fortes e intensas. Mas que, minutos depois, já estava tudo bem de novo… 

Foram muitos : “Eu não sou Marcus!”. Muitos : “Eu vou te demitir se você continuar contando as coisas para Marcus!. Eu ando te perguntando da vida de Marcus, por acaso??! Não. Então não é pra você falar mais nada pra ele, okey? E eu dizia “Tá bom, Maga ! Eu não falo mais nada”.

Foram muitos “Você acha que tá certa em tudo?! Tá não, bebê… você não sabe de nada e pensa que sabe!. 

Muitos: “Você pensa que é minha mãe? Não é não, bebê! Você manda na vida de seus pais , que fazem o que você quer.  Na minha NÃO!!!”.

Muitos “ Tá bom, Magali !! Então vou fazer do jeito que você quer… Dê a ordem que eu vou cumprir!”.

Mas, no final, ela me dava razão na maioria das vezes… E, quando não me dava razão, mandava eu fazer o que ela achava que era o certo a ser feito! E eu que não fizesse não pra ver.

Foram muitos “Você não confia e não gosta de ninguém e ainda por cima é pirracenta!”. 

“Rôô, que Patrícia não me ouça, mas quando ela não gosta de alguém ou quando ela fala ‘não acho que devia fazer isso ou aquilo’, pode saber que não é boa coisa.

Foram muitos “Você é uma pessoa difícil, ninguém te aguenta. Você vai acabar só desse jeito!”

Mas também muitos “Okey … Okey… você está certa!”. 

Muitos: “ Eu não quero saber o que você vai faze ou como vai fazer, mas eu quero que você faça!”. E eu que não desse jeito de fazer não… 

“Mamãe”, era como eu a chamava quando estávamos de boas e brincando, ou seja, a maior parte do tempo. E quando estávamos de birra, ela dizia que era minha madrasta e Marcus meu padrasto. 

Para os que tiveram a oportunidade de conviver com ela, sabem o quanto Magali é uma pessoa ímpar! Meus sentimentos à família Mendes ! Tenho certeza que o céu está em festa para te receber.

De:

Marcelo Bezerra

CSP 1981

Foi a professora da minha vida. A maior educadora que eu conheci. Tinha uma enorme capacidade de comunicação e muito carisma. Era admirada, respeitada e querida por todos os alunos. Politizada, tinha um profundo senso de humanismo que não deixava ninguém indiferente. Meus anos de estudo no Colégio São Paulo foram positivamente marcados por várias coisas, muito inclusive por ter sido aluno de Magali Mendes. De uns tempos pra cá, comecei a pensar em vê-la. Infelizmente o tempo me traiu. Fica a lembrança de uma pessoa que marcou politicamente e existencialmente minha personalidade e isso eu nunca esqueci. Hoje a tristeza entrou pelo Facebook. Magali, obrigado por tudo. Descanse em paz.

De:

Fernando Rufino

Bom dia. Muito obrigado por Tudo, Magali. Só agradecer a você pelo seu grande aprendizado, autenticidade, amor, pelas palavras de determinação e conselhos. Por mais que sabemos que, um dia, todos nós vamos morar na casa do Pai. É complicado aceitar a perda de quem a gente gosta e ama, mas cada um tem sua missão nesta Terra. Sei que a sua foi extraordinariamente muito bem cumprida e os espíritos de luz sempre vão conduzir essa Mestra que nos ensinou tanto e deixou um legado muito bonito para todos nós. Viva Magali Mendes!

De:

Alessandra Pamponet

Magali foi professora de verdade. Com ela aprendi a matéria Língua Portuguesa, mas também aprendi muito sobre valores humanos e política social. Minha vida não seria regada de tantas lutas contra as injustiças sociais se eu não tivesse encontrado exemplos de integridade, luta, força e buscas, como Magali. Obrigada minha pró. Um grande beijo.

De:

Fredie Didier

No discurso de posse, disse que compreendia a minha condição de professor como a responsável pelo meu ingresso na Academia de Letras da Bahia. Resolvi fazer uma homenagem aos professores e professoras que me formaram. Fiz uma pequena seleção deles. Magali Mendes foi uma das escolhidas. Minha professora de Literatura no Colégio São Paulo e de Redação no Curso Oficina (1992), Magali(zona) foi decisiva em minha vida. Pelas mais variadas razões. Em minha “bio”, por exemplo, consta a informação que sou “gincanista” – é como me vejo estruturalmente. O ethos e o pathos de gincanista me foram legados por Magali, que simplesmente criou e promoveu um estilo de gincana nas décadas de 80 e 90 em Salvador. Um episódio singelo: ela era a chefe da organização das gincanas desde sempre; a de 1994 seria a primeira gincana como ex-aluno, visto que em 93 não houve, em razão da morte de Dona Jane, uma das diretoras fundadoras do Colégio; Magali me chamou para organizar a gincana integralmente, podendo escolher até o tema; ela aprovou tudo o que fizemos; na hora de divulgar o resultado, ápice e encerramento, o que ela sempre fazia de modo memorável e emocionante, subitamente me passou o microfone e me disse, ao pé de ouvido: “anuncie o resultado, você merece”. Eu tinha 20 anos e aquela gincana me legaria Renata, esposa e mãe de meus três filhos. Magali foi seguramente a professora que mais acreditou em meu potencial. Soube hoje que está se despedindo. Minha reverência a uma mulher cuja vida foi extraordinária e que “extraordinarizou” a vida de milhares de alunos, nos mais de 40 anos de magistério.

De:

Márcea Sales

“Magali precisa voar”. Valendo-me desta imagem apresentada por Lu, a vejo como um avião que leva com ela um tanto de cada um/a de nós. Nossa Maga, um trator que nos trouxe revoluções anuncia seu vôo: que lhe seja leve! Força, fé e serenidade para as Meninas – Maíra, Nara e Bruna -; para a Família de sangue e para nós, outra Família que se constituiu em torno das nossas histórias, junto com ela. Já com muita saudade de tudo!

De:

Mayana Mendes

Maga, presente! Sempre e para sempre.

Falar da sua trajetória é fácil, tá aí em todos os jornais de Salvador. Mas só quem teve a sorte de viver com você sabe qual é o seu grande legado: transformar as pessoas ao seu redor. Mordia e assoprava. 

Com você não existem meias verdades e algo não podia ser dito. O furacão que revirava tudo era a mesma brisa que acalmava a alma.

O que mais tenho lido é: você me fez acreditar em mim.

Na minha vida você fez nascer algo diferente. Eu aprendi com você a amar o outro, a dar o meu melhor, a ser forte, a ser família. “A cigana leu o meu destino”… e te falou que você teria mais um filho. Você falou: “era só o que faltava, depois de velha adotar uma criança”. Sua cara esse humor, essa irreverência. Mas ela estava certa. E na minha formatura de 3º ano você falou que não esperava mais formar uma filha e ali estava você formando. Foi assim que você me chamou para receber meu diploma.

Obrigada por tanto, você é gigante, minha mãe. Você é eterna, minha tia. Esse seu abraço , de mão que aperta, vai estar pra sempre no meu ombro. Te amo para sempre e tenho orgulho de ser Mayana Mendes, pelo seu Mendes. Honro sua vida!

De:

Lucas

Oi, Maga 

É curioso. Desde que passei pelo Oficina já escrevi pra tanta gente… Às vezes MUITA gente mesmo, aos milhares. Um público é mais difícil do que o outro, mas a gente dá um jeito de driblar o que não sabe – afinal de contas, “se você não sabe escrever ‘sexta’, na sua redação a festa foi sábado!” Não é assim? 🙂 Mas escrever pra você não é tão simples. Nunca foi.

É que, contigo, escrever “sábado” certo é pouco. Você veria transparente na minha cara que minha verdade era sexta. Não importa o quanto eu virasse do avesso a minha estrutura argumentativa – e você sabe que eu faria malabarismos pra isso – se a minha verdade é sexta, não tem sábado que faça esse texto ser meu. E é por isso que escrever pra você é difícil. Porque a gente precisa encarar a si mesmo antes de olhar pra você.

A real é que a notícia sobre a sua situação me pegou de surpresa. Em algum lugar da nossa cabeça, a gente preserva a imagem de quem marcou a nossa vida pelo impacto que ela causou. Não sei se você assistiu aquele filme “Still Alice” (acho que em português é “Pra Sempre Alice”), mas nele tem uma cena em que a Julianne Moore diz que tem duas formas de estar vivo na vida de alguém: como presença e como lembrança. Maga, você tá tão presente na minha vida como memória que é como se estivesse do lado, do jeito que sempre foi: um trator que primeiro revirou sem pedir licença o solo do que eu pensava que era o meu futuro, pra, depois, passar com a delicadeza do mundo, jogando as sementes do que ele poderia vir a ser.

Essa imagem não bate com o que me descreveram da sua situação agora. Mas, foda-se. Eu vou colocar isso na conta da incompetência descritiva de quem tá tão perto, mas não é Saramago nem Drummond pra te representar à altura. Porque não tem quem me faça acreditar num relato seu que não inclua uma dose deliciosa de autoironia, um pedacinho de sarcasmo sobre algo que fizeram no hospital e pelo menos um comentário desses que você sempre faz sobre quem te circunda, a partir de um detalhe que quase ninguém viu, mas que, no final, faz as pessoas saberem mais sobre si mesmas do que sabiam antes de te ver. Porque você é aguda, Maga. Sempre foi. E eu sei tanto disso que parte da pena de não estar aí nesse momento é estar perdendo o que você teria pra dizer sobre essa experiência toda.

Falar isso me tranquiliza, sabe? Porque eu sei que não tem rojão que diminua o tamanho que você tem. E é sabendo-te assim que também me sei.

A real é que foi sabendo do seu tamanho que eu passei a acreditar no meu, Maga. Se hoje eu acredito em mim, em grandessíssima parte foi porque, primeiro, acreditei em gente como você. É por isso que você está presente em tanta coisa aqui. E eu não estou nem falando de quando eu pude finalmente olhar pro David de Michelangelo pela primeira vez e pensei :“Puta. Que. Pariu. Magali tava certa! Que vontade de morder a bunda dessa estátua, meu deus!”. Eu tô falando de coisa muito maior. Duvida? Vou te contar um pouquinho de como as coisas estão, então.

Maga, eu te escrevo hoje da minha casa em Olinda. Faz pouco tempo que me mudei pra cá. Tenho uma amoreira carregadíssima na varanda e roubo pitanga do vizinho que deixa elas crescendo pra fora do muro. Preparei um cômodo para poder dançar frevo, treinar circo e me alongar, e fiz isso antes mesmo de ter uma mesa pra comer. Eu sempre conto que a minha experiência transformadora com frevo foi num show de Elba, que assisti com Sarah, Milton e Marília, em Recife, com 18 anos, porque é bonito e poético o destrinchar dessa história. Mas você sabe onde foi que eu dei o meu primeiro passo de frevo mesmo? No Oficina in Concert de 2004, quando eu sabia que sobravam 15 segundos de coreografia livre no final da cena e eu fui atrás do meu pai pedindo pra ele me ensinar alguma coisa pra eu usar lá. Você não sabe o poder que isso teve na minha vida depois.

Estou trabalhando numa empresa que faz apostas sobre o futuro da política brasileira, finanças, ciência e mete criptomoedas no meio disso aí. Minha namorada diz que eu virei bicheiro virtual (e ela não está de todo errada), mas é muito mais chique dizer que estou “ajudando a construir um modelo para tornar o futuro mais previsível para os tomadores de decisão, a partir da inteligência coletiva” (PENSE num “sábado” bem escrito hahahahhaha). Cá entre nós, no entanto, eu posso dizer a verdade: é gostoso e paga bem, mas o importante mesmo é que sobra tempo pra dedicar ao que eu realmente amo e que o Oficina me fez deixar de ter problemas em admitir: mover o meu corpo.

Desde que nos vimos pela última vez, realizei alguns sonhos que pareciam absurdos na época do colégio. Você acredita que ano passado eu dancei com Antônio Nóbrega na abertura do carnaval de Recife!?! No meio de tanta coisa que a gente viveu, você nem deve se lembrar de quando eu assisti ao show dele no TCA e, no dia seguinte, resolvi montar o projeto da “Semana da Cultura Popular Nordestina” com o grêmio. Crescer no Oficina era também, em parte, acreditar que a gente tinha potencial pra quase tudo. Outra parte era adolescer no governo Lula, tem isso. Mas a coroa mesmo era crescer sob o testemunho do que a SUA vontade tinha criado ali.

Eu sempre quis ser um pouco como você, Maga. Todo mundo queria. E o que me enche de orgulho aqui é dizer que, depois de um tempão, sendo mais verdadeiro comigo, do jeito que você sempre foi, eu consegui.

Mês que vem eu vou embarcar na maior aventura da minha vida até aqui: a turnê francesa de um espetáculo brasileiro de circo pro qual eu fui convidado enquanto passista de Frevo, com o desafio de investigar o que há de comum entre o Frevo, o circo contemporâneo e o Passinho carioca. Eu não sou pai, Maga. Mas estar nesse projeto é como estar grávido do meu primeiro filho. E se tem um DNA que não tem como esconder desse rebento é o que veio de você pelo Oficina.

Essa coisa de hospital não é conhaque, mas deixa a gente emotivo como o diabo, né? O bom é que a gente usa esse momento pra reafirmar na frente de quem realmente interessa (e não só dos terapeutas da gente) o quanto que faz diferença ter você viva na minha vida. Como sempre foi, com o tamanho que sempre tem, fazendo a diferença que sempre fez, e, espero, em breve, podendo conhecer um pouco do que a sua presença me ajudou a criar.

Estou aqui te esperando, Maga. Seja pra comer umas pitangas roubadas com um bolo de rolo na minha casa, um croissant na França, uma tapioca na Sé ou um acarajé em Dária e Laura, pra conhecer o que você tem criado em Conquista ou pra te mostrar o que você me ajudou a criar. Espero te rever logo e matar a saudade de quem, na verdade, nunca deixou de estar aqui.

Te amo e te aguardo.

De:

Caio Emanuel

Uma das mulheres mais inteligentes e exemplares que tive o privilégio de conhecer e conviver diariamente durante anos. É uma notícia muito triste. Maga era o coração do Colégio Oficina. Porém, o legado de uma mulher guerreira, de uma humanidade tão grande como Magali era, jamais será esquecido. A saudade que está no coração de todos nós é enorme, mas tenho certeza que só restarão boas lembranças para todos que tiveram o prazer de conviver com você. Que Deus conforte o coração de todos os familiares e amigos.

De:

Itana Leão

A minha eterna gratidão a esta mulher inspiradora, cheia de bravura, que sempre me acolheu e me atribuiu a responsabilidade de, durante anos, fazer parte dos projetos artísticos mais incríveis que escola pode oferecer. A você, Magali, reverencio de joelhos no chão por tamanho legado que deixa para todos nós. Obrigada por tanto.

De:

Karine Porto

Você trabalhou tanto neste plano, Maga. Plantando o que tanto defendia e acreditava: a educação. Colheu tantos frutos e pode ter a certeza de que muitos ainda virão. O legado foi deixado. Gratidão. Te amo.

De:

Professor Tomas

Magali é minha referência maior de profissional. Poderosa, brilhante, debochada, doce. Fui aluno e colega. A dor é grande. Hoje sou professor de Redação graças a ela. Lembro dela e repito algumas de suas frases em diversas aulas. Alunos que nunca a conheceram já me ouviram falar dela. E vão continuar ouvindo. Que descanse em paz e em poder.

De:

Diretoria Colegiada

Sinpro/BA

O Sinpro-Ba recebeu, na tarde deste sábado, 30 de outubro de 2021, a triste notícia do falecimento da professora Magali Mendes, ocorrida na cidade de Vitória da Conquista, onde residia havia alguns anos. 

Magali Mendes foi, desde sempre, uma mulher de forte personalidade, jamais passando despercebida sua presença. Mais que isto, foi competente e combativa professora, ativa representante da base e dirigente sindical de destaque, tendo exercido mandato como presidente do Sinpro-Ba. 

Nas últimas três décadas dedicou-se – juntamente com outros/as parceiros/as – a um projeto educacional respeitável, fundando e dirigindo o Colégio Oficina, em Salvador e, depois, levando esta experiência para a cidade de Vitória da Conquista. 

A educação da Bahia perde, seguramente, uma de suas expoentes mais importantes das últimas décadas. 

O Sinpro-Ba lamenta seu falecimento, ao tempo em que saúda sua memória e seu legado. 

Às filhas e demais familiares e amigos, o Sinpro-Ba expressa seu profundo pesar e solidariedade, rogando que encontrem paz e conforto. 

De:

Grêmio Orion

Hoje nos despedimos de uma das mulheres mais humanas, empáticas e determinadas já existentes. Magali Mendes, fundadora e diretora pedagógica do Colégio Oficina, deixa pra gente, além da saudade imensa, um legado que vai atlém do material. Magali nos ensinou que o conhecimento e o aprendizado valem muito mais que qualquer outra coisa. Magali nos ensinou a correr atrás do que queremos, a olhar por nós e pelo próximo. Magali é vida e, por ela, teremos a força de continuar a nossa. Que os ventos da natureza te levem para um lugar de descanso e que a paz se estabeleça sobre seu espírito, Maga. Você nos deixará uma saudade imensurável. Cuide de nós daí de cima. Aqui embaixo, faremos o trabalho de nunca te esquecer. Viva Magali!

De:

IBR Hospital

Comunicamos o falecimento da Sra. Magali Mendes, idealizadora do Colégio Oficina Conquista, às 14h desde sábado, 30, por falência múltipla de órgãos. 

Personalidade admirável na Educação, como uma trajetória de quase 50 anos, “Maga”, como é carinhosamente conhecida, esteve assistida ao longo de 38 dias pelos profissionais do IBR Hospital. Acolhemos a família nesse momento delicado de despedida e nos solidarizamos com toda a comunidade escolar. 

“É um orgulho sair por aí e dizer que somos seus alunos (…). Vamos sair daqui não só para buscar nossas aprovações, mas para exercer nossa cidadania da forma que você nos ensina e nos motiva a refletir. Obrigado por ser essa mulher tão forte e extraordinária, que nos inspira tanto” – trecho da carta do 3º ano/2020.

De:

Lorena Barros

Tivemos a honra de ser o último 3º ano de Salvador em tê-la como professora, diretora, mentora, conselheira e, sem dúvida nenhuma, amiga. Era assim que todos os alunos passavam a se sentir quando iam para o último ano da escola. 

Aquele mulherão que antes temíamos, passávamos a estranhar em vê-la de uma forma tão descontraída, jamais vista antes. E se engana quem pensa que o respeito e admiração diminuíam. Muito pelo contrário. E não foi diferente com a gente. E é assim que permaneceu até hoje e permanecerá com sua lembrança. 

Obrigada por me ver como uma “menina forte”, lá nos meus 17 anos, palavras usadas por você em 2007, em nossa formatura. 

Você deixa um legado e uma legião de alunos que reuniram forças em meio a tantas turbulências na adolescência, tantas vezes ajudados por você. Obrigada, Magalizona.

Valorizem seus professores e mentores. Aplaudam esse dom!

De:

Cia Dançart

Magali entendia a importância da arte. Vários de nós da Cia fomos oportunizados por ela para desenvolvermos um trabalho coreográfico com os alunos, sendo tratados sempre como merecíamos: com a seriedade que artistas precisam ser tratados, com respeito e credibilidade que amamos ter, porque arte precisa ser levada a sério. Vá em paz, Maga. A Cia Dançart tem orgulho de ter sua história, de alguma maneira, cruzada com a tua. Os aplausos hoje são pra você.

De:

Yan Enrique

O que falar sobre você, Maga? O que falar ou o que não falar, né? Você é a verdadeira representação de intensidade em tudo que fez e em todas as marcas que deixou para nós. Você é força pra lutar, você é amor pra curar, você é colo pra cuidar. Você é mãe, avó, tia, mulher, professora, diretora. Você sempre acreditou em mim, muitas vezes mais do que eu mesmo… Quando eu estive na pior, depressivo, com meus problemas de ansiedade, com inseguranças e pouca confiança em mim, você me abraçou, você me cuidou, você burlou as regras do cursinho, abrindo uma exceção pra mim e pra me fazer conseguir levantar da cama e viver. O que sinto por você vai muito além do que posso explicar em palavras… Vim de Salvador pra Vitória da Conquista e com isso deixei uma distância de alguns muitos quilômetros de minhas avós, e, para minha surpresa, encontrei em você meu colo de vó nessa cidade. Você foi meu porto seguro por aqui. Obrigado, obrigado e obrigado!

De:

Rafael Flores

Obrigado por tudo, Maga, missão cumprida, hein? Saiba que você mudou a minha cabeça e a minha vida. “Eu fiz a minha parte, vão sair daqui sabendo que são racistas e preconceituosos, o que vão fazer com isso já é papel de vocês”. Nunca vou me esquecer desse seu discurso na formatura da minha turma. Um beijo em Nara, em Maíra e em toda família e equipe do Colégio Oficina. Amo vocês! 

De:

Mariana Belo

Minha prof! Tão intensa e sempre tão viva. Não tem como esquecer quando eu dizia “hoje não estou inspirada pra fazer redação” e prontamente ela respondia: “quem disse que redação é inspiração? É prática! Então vá fazer a sua!”. Que Deus, na sua infinita bondade, te receba com todos os seres de luz e que você siga seu caminho. Brilha, brilha estrelinha.

De:

Mayara Silva

Aprendi tanto com você, Maga! Obrigada pela partilha e confiança. Obrigada por todos os ensinamentos! Seguiremos com muita saudade… ah, Magali Mendes, Magali Mendes, que força tem o seu nome, a sua história…

De:

Carol

Mestre Brisa

Ontem, descansou a grande Maga! Voltou pra pátria espiritual Magali de Jesus Mendes da Silva… 

Pra mim, o que fica é a história de uma mulher à frente de seu tempo, que dividia o banco com as mentes mais célebres no campo da educação baiana e brasileira. No Colégio Oficina, uma de suas grandes invenções/frutos, aprendi que, para educar, é preciso ter coragem, criticidade e criatividade. Era incrível a capacidade transdisciplinar de Magali de dar vida a uma educação crítica, livre, compromissada, lúdica, vibrante e plena de vida.

Mulher, filha e mãe (Maíra, Nara e Bruna), sempre honrou a lição da caridade, abraçando o mundo com seu colo que não tinha tamanho. 

O projeto social Camaradinhas foi tocado por suas mãos, por anos… Levou crianças de realidades duras para dialogar com crianças do/no Colégio Oficina, assim como levou as crianças do Colégio Oficina para conhecerem a realidade das crianças do Projeto Camaradinhas…

Foi a idealizadora da primeira disciplina chamada Capoeira para as séries iniciais do ensino fundamental (2º ciclo), em 2003, após a promulgação da lei 10.639. Uma visionária que dizia que não podia faltar acarajé e Capoeira dentro de cada escola da/na Bahia.

Sensível, sempre GENEROSA, não havia um ser humano que ela não estendesse as mãos e tudo que tivesse ao seu alcance, quando a procurava. E quando íamos agradecer, envergonhava-se dizendo não ter feito nada.

Poderia escrever muito sobre esta grande mulher, mas fico por aqui para nutrir meu sentimento de ATÉ BREVE!

Dona Lívia e Sr. Mário estão, com certeza, felizes da oportunidade de seguirem junto a ti.

Amamos você!

De:

Robson Negão

LUTO 

MAGA VAI COM DEUS… TE AMO

Tia, mãe, mulher MAGALI MENDES, nada do que eu disser agora vai adiantar. Você já se foi e não mais se encontra no meio de nós. Só queria que você soubesse, pela última vez, o quanto eu te amo e te admiro. Sim, no presente, porque para mim você sempre estará viva em meu coração. Obrigado por me tratar com amor e nunca me julgar (suas filhas, pra saírem, só se fossem comigo!). Você foi uma das pessoas que me fizeram enxergar o lado bom da vida e serei extremamente grato por abrir meus olhos e por me tirar de diversas situações envolvendo polícia, vizinhos preconceituosos, brigas e até delegacia. O luto será eterno. Descanse em paz! MAGA AMU TU

De:

Iara

Ela partiu. Foi embora minha pró, minha cunhada, minha amiga. A dona da palavra, a rainha da generosidade, a grande educadora de tanta gente. Criativa, bela, forte, genial, viveu sem jamais trair seus ideais, seus afetos (e foram tantos), sua decisão de estar no mundo por muitos. Magali, a tia querida dos meus filhos, a irmã de todas as horas, a mãe amorosa e amada, a mulher que nos ensinou a fidelidade como princípio, como forma de amar. Espero ter o privilégio de ainda rever minha amiga querida, de rir e abraçar o que não foi possível aqui. Magali do Oficina, dos belos espetáculos do Oficina in Concert, da resistência, da política como caminho de esperança. Viva Magali de Jesus Mendes da Silva.

De:

Marina Fernandes

Eu sempre quis ser, pelo menos, um terço da mulher que era Magali Mendes.

Do meu primeiro grande porre, na vitória de Wagner em 2006 – graças a ela que me dizia, já um pouco alta, “Marília, Marília, ganhamos, porra!!”- ao amor pelo pensamento crítico, pela atitude crítica, Magali Mendes estava lá. Minha pedagoga, e nao psicóloga, como dizia.

Magali me ensinou a ter dúvida, a não aceitar. A nao abrir mao, jamais, de ser quem sou.

Magali ensinou que inteligência sem atitude crítica de nada vale. A misturar arte e política, poesia e sociologia. 

A inteligência ácida louca de Magali me ensinou a estar confortável em minha maluquice. A última vez que a vi, faz alguns anos, ela me disse, um tanto aliviada: “ufa, nosso método de ensino produziu bons malucos”.

Magali, como hoje escreveu Flávia Azevedo, era um antídoto antimediocridade.

De:

Sua sobrinha Aíla

Não consigo olhar pra trás e ver alguma época da minha vida em que você não esteja. Quando era pequena, passei Natais na sua casa, era com você que eu ia e voltava do Colégio São Paulo, o curso de Redação no meu 3° ano que você me deu de presente foi crucial na minha aprovação no Vestibular, foi no Curso e Colégio Oficina que comecei a trabalhar como fiscal de prova nos meus 18 anos e até hoje estou… 

Você sempre me inspirou com suas palavras, você pegava um microfone e sabia me emocionar como ninguém, com as palavras certas e encorajadoras… Você fazia a gente acreditar num novo mundo, porque você acreditava “nos meninos e meninas do Colégio Oficina” e isso sempre me enchia de esperança.

Você sempre foi brilhante!

A falta que vai fazer é imensurável! E o orgulho que estamos sentindo por cada pessoa que você transformou também é gigantesco. Obrigada por ser… obrigada por tanto!

De:

Vaneska Freitas

É sempre muito difícil e doloroso encontrar palavras pra se despedir de alguém… quase impossível quando esse alguém é tão Especial e te marcou de uma forma que jamais será esquecida.   

Foram muitos dias de aprendizado; meses de convivência, anos de confiança e agora… agora só lembranças e saudade. Desde 2011 em sua presença, aprender com essa pessoa de inteligência indescritível foi um marco em minha vida, em minha história.  

Magali Mendes não foi só uma grande professora, nem só a Diretora Fundadora do meu local de trabalho, de aprendizado de milhares outras pessoas; ela foi e sempre será um grande exemplo a ser seguido, um referencial dos grandes de nossa educação!   

Não conseguimos nos abraçar novamente, em comemoração a esse período nefasto vivido…  Mas em meus pensamentos e em meu coração lhe aperto calorosamente em meus braços, em agradecimento a toda confiança em mim, toda oportunidade a mim dada de me tornar alguém melhor…

“Eu sou maior do que era antes. Estou melhor do que era ontem. Eu sou filho do mistério e do silêncio. Somente o tempo vai me revelar quem sou”.

De:

Luzimar Castelhano

Falar de Magali não é coisa muito fácil. A ela toda a minha GRATIDÃO. Com ela aprendi tantas coisas que não tenho como descrever. São inúmeras!

A Magali todo meu amor, carinho e respeito. Você vive e viverá sempre no meu coração

Agradeço a Deus o privilégio de ter convivido com você e com sua família durante esses 14 anos.

De:

Caroline Cardoso

Estava aqui revendo algumas aberturas do Oficina in Concert e, no ano de 2017, quando o colégio estava fazendo 10 anos em Conquista, fizeram uma homenagem pra Magali na qual diziam que ela era um patrimônio intelectual, um patrimônio de afeto, um patrimônio pra educação de Vitória da Conquista. Essas frases junto com uma foto descreveram bem a Magali afetuosa que eu conheci. 

Afeto. Amor. Receptividade. Carinho. Ah Maga, quantos finais de semana naquela sua área tomando uma cervejinha com aquele mutuêro de comida, porque, sim, você só fazia mutuêro. Quantas marés pós-vinhos. Quantos aniversários que você já permitiu e compartilhou conosco. Quantas brigas com aquele vizinho. Quantas frases “puta que partiu, água, Maíra hoje tá foda”. Quantos ensinamentos. Você, Maga, era foda!! 

Muito obrigada por ter permitido viver, compartilhar e aprender contigo. Obrigada por nunca ter desistido da educação. Você é sim, Maga, um patrimônio de Vitória da Conquista e região. 

Hoje, vendo meu primo pegar um ônibus em direção a Belo Horizonte pra cursar Direito, tenho a certeza de que você SEMPRE ESTEVE NO CAMINHO CERTO. E, sem dúvida, você tem todo o mérito nessa conquista. 

Te amarei pra sempre.

De:

Igu Luz

Maga me ensinou, acima de tudo, a levar a felicidade a sério. Hoje, estamos nos despedindo oficialmente dessa mulher que foi um dos meus encontros preferidos no mundo. Eu me sentia honrado quando ela dividia suas ideias para o Oficina In Concert comigo e pedia opiniões. Eu me sentia a pessoa mais interessante do mundo quando discutia com ela sobre Machado, Guimarães, Gal ou BBB (sim, Maga também amava cultura popular). Eu me sentia especial só de sentar ao lado dela com caranguejo e ouvir tudo que ela falava.

Saudade, professora. Da cozinha, das palavras, do abraço encolhido e das prosas. Obrigado por tudo, gênia. Eu nunca vou esquecer você.

De:

Adriana Borba

Hoje foi o dia da despedida oficial desse doce furacão chamado Magali. 

Não canso de expressar a minha gratidão por tanta generosidade, atenção e carinho que recebi de Magali, essa mulher valente, ímpar e fantástica durante o tempo que passei com ela, profissionalmente, no Oficina. 

Da vida fora da escola, guardo recordações de encontros deliciosos, cheios de alegria e muita admiração. Cada minuto ao lado dela era único e eu nunca quis perder uma oportunidade. 

Ela foi uma referência na minha vida. Inspiradora, me mostrou que temos que ter liberdade para sermos um ser pensante. Uma mulher senhora de mim e sempre pronta para entender o meu lugar no mundo (isso ela fazia com maestria). 

Me ensinou muito mais do que eu poderia imaginar. Realmente não imaginava tanto. Trabalhar com ela foi, seguramente, uma das decisões mais acertadas da minha vida.

Quanto aprendizado…. tanto, tanto aprendizado e trago até hoje esses ensinamentos pra minha vida. Não tenho como expressar tamanho carinho e respeito por você, Maga. 

Obrigada, obrigada, obrigada por tudo, sempre.  Siga em paz e até um dia.

De:

Maria Eduarda Porto

Presidente do Grêmio Orion

Certa vez, ouvi dizer que o luto não é só sobre a saudade de quem partiu, mas a nossa inexistência perante àquela pessoa. Aquele toque que não iremos mais receber, a voz que não iremos mais ouvir, as experiências que não poderemos mais compartilhar, as conversas que não iremos mais trocar. Hoje, a ausência de alguém muito importante para nossa instituição e vidas, Magali Mendes, nos traz essa sensação. Talvez de desamparo, tristeza, um certo vazio. Mas, apesar do luto, há duas coisas em nós que não devem ser desperdiçadas: a saudade e a memória. A saudade porque ela nos recorda o quão bom foram os momentos vividos e que, apesar de não ser mais possível revivê-los, ainda valeram a pena. E a memória, porque só ela é capaz de nos proporcionar sentir e viver essas coisas que já foram, de ter lembranças— e é por conta dela que nossa conexão com Magali nunca vai ter um fim. As pessoas só morrem, de fato, quando são esquecidas, e esquecer de uma figura tão imponente, corajosa, batalhadora e trabalhadora como Magali Mendes é uma tarefa impossível. Porque, como Paulo Freire disse, o educador se eterniza em cada ser que educa. Para sempre ela residirá em nossas mentes e em cada canto e corredor dessa escola. O Oficina é Magali e, por ela, ele continuará de pé, assim como nós. O Grêmio Orion se solidariza com a dor dos amigos e familiares e enviamos forças a todos. Magali era luz e, agora, ela brilha ainda mais em outro lugar.

De:

Marco Jardim

Marquinhos da vOceve

Para Magali Mendes, com quem tive a honra de caminhar de braços dados

 

ODE À GRATIDÃO

Escrevo para afirmar que você principia, não se encerra.

É ciência da presença, é guia. 

É travessia às estrelas com pés legados à terra de chão. 

Voz de consciência que dita do coração. 

É uma lei habitual de tantos encontros. 

Ou tão somente um dia a mais de verão.

Entidade na minha formação.

No ensaio geral que ando fazendo pra reabilitar meu convívio com o seu tempo.

Tempo de oração tropicalista, com sua fotografia nas mãos.

Tem luz própria ali naquele retrato, irregular colosso que faz brilhar de você até o sol.

Você, que é gente viva. É água do mar.

Ainda que água seja aquela substância fugidia, sem a solidez de determinados afetos, você, (en)canto, ao certo.

Tinta que não desmanchará.

Marca que não desvanecerá.

Amiga de meio tempo em tempo bom.

Tudo que desejava, (re)inventava, sonhava, ganhava movimento a outros mundos, levado pelos ventos de outros lances.

Você, a língua e o dialeto da franqueza, mulher-nobreza até a última gota de sol.

Uma esquina, uma rua, uma escola na minha alma-maresia.

E se eu mudasse de areia, de passeio, de meio-fio, na frase do painel, você me recordava a poesia de origem, o limite do céu.

Dizia, feito maga, oráculo, lord, que o mundo assim deve ser o ideal.

Vivo, potente, ímpar ou igual.

Neste universo de espaços, vidas e embarcações, meu papel era o de bastidor.

Este lugar-tempo de reverência onde, por você, exercitei amor.

Sempre fiquei assim… meio parvo, perto de você. 

Fisgando palavras como se interceptasse luz. 

Entre debates e contemplação.

Sua vida sempre foi toda uma dramaturgia pedindo um beijo. 

E agora você segue em seu sindicato de memórias afetivas, uma ode, um ensejo à gratidão.

E o que se vê é essa claridade que precede o eterno horizonte.

Chamam de céu, de plano espiritual, eu bem chamo de ocupação. 

Uma viagem para o futuro do presente, transvertendo as formas de cogitar.

Orun-aiê, cinzas nas ondas do mar.

Ouvindo algum clássico ensolarado de Chico, despeço-me na mesma distância de proximidade.

E ainda ouço você dizer: “Coragem! Enfrente com criatividade”.

E Milton cantava no disco que nada mais será como antes. 

E você insistia, visionária, que somos todos catárticos caminhantes.

Levando a tal felicidade a sério, escuta os convescotes, os acenos do norte da saudade, mas segue, Maga, adiante, neste divino mistério.